Dono de quatro títulos do Campeonato Brasileiro (72, 73, 93 e 94), além de outras conquistas, o Palmeiras vai disputar o Nacional de 2003 na segunda divisão, uma marca inglória e inédita nos 88 anos de história do alviverde paulistano. Neste domingo, no Barradão (Salvador), o Palmeiras sofreu sua décima derrota no Brasileirão de 2002 e confirmou o rebaixamento. O Vitória, que impôs 4 a 3 aos visitantes, também teve muito pouco a comemorar. Nem o êxito em casa classificou o rubro-negro para a segunda fase.

O Vitória acabou a 1ª fase em 10 lugar, com 37 pontos, dois atrás do Santos, que ficou com a oitava e última vaga nas quartas-de-final. O Palmeiras, por sua vez, somou 27 pontos e acabou na 24ª e antepenúltima colocação, descendo à Série B ao lado de Botafogo (26º), Gama (25º) e Portuguesa (23º).

A partida no Barradão foi emocionante. Antes do apito inicial, o Palmeiras lutava desesperadamente para não cair e o Vitória sonhava com a classificação, mesmo na dependência de uma combinação de resultados. As situações das duas equipes na tabela garantiram um jogo movimentado desde o início e cheio de opções.

O placar do Barradão saiu do 0 a 0 logo aos 3 do primeiro tempo. Aristzábal levantou a bola na área pela direita e Allan Dellon subiu mais que a zaga palmeirense, cabeceando fora do alcance do goleiro Sérgio. Dois minutos mais tarde, o Palmeiras igualou e voltou a sonhar com a fuga da segundona. Arce cruzou na área pela direita e Flávio aproveitou o bate-rebate na cara do gol para empurrar na saída de Jean. 1 a 1.

O empate animou o Palmeiras, que recobrou o equilíbrio e passou a ameaçar mais o Vitória. Muñoz e Arce tiveram boas chances para virar o jogo antes de o time paulista sofrer mais um revés em campo. Aos 27, Zé Roberto fez boa jogada individual e foi derrubado dentro da área por Paulo Assunção. O colombiano Aristzábal cobrou no canto direito de Sérgio, completamente batido no lance, e fez 2 a 1.

O jogo ficou ainda mais dramático no 2º tempo. O técnico Levir Culpi sacou o meia Flávio e colocou o atacante Nenê no intervalo. Aos 6, novo respiro para o Palmeiras. Leonardo Moura foi derrubado quase na linha da grande área, pela direita. Em jogada ensaiada, Arce rolou para Nenê, que escapou da barreira e acertou um belo chute no ângulo de Jean.

O equilíbrio voltou a predominar em campo, com Vitória e Palmeiras brigando para mudar um resultado que não interessava a ninguém. Aos 31, o zagueiro Alexandre afastou mal de cabeça uma bola alçada na área e presenteou o atacante Zé Carlos, que tocou na saída de Sérgio para fazer 3 a 2. Praticamente entregue em campo, o Palmeiras viu a 2ª divisão ainda mais de perto aos 40 minutos. Aristzábal chutou forte, Sérgio defendeu parcialmente e André aproveitou o rebote. Vitória 4 a 2.

O Palmeiras teve sua derradeira chance aos 43 minutos. O goleiro Jean saiu mal da área e derrubou o zagueiro palmeirense César. Arce cobrou o pênalti e fez 4 a 3. Mas o gol nada ajudou para tirar o Palmeiras da segunda divisão. Com o apito final de Wilson de Souza Mendonça, o Barradão ganhou um clima de velório. De um lado, os rubro-negros lamentavam a desclassificação, mesmo após confirmada a vitória sobre o Palmeiras. Do outro, os jogadores alviverdes, cabisbaixos, choravam o rebaixamento.

"Não tivemos competência para ficar na primeira divisão. Tivemos chances de reverter essa situação durante o campeonato, mas o trabalho não foi suficiente", comentou o técnico Levir Culpi. O treinador, entretanto, preferiu não apontar falhas individuais entre seus jogadores. "Não cabe fazer isso agora. O momento é de decepção total."