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Bienal de Arquitetura quer conquistar o público leigo
Do Diário do Grande ABC
02/07/1999 | 15:10
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Os contornos finais da quarta ediçao da Bienal de Arquitetura, que abre suas portas ao público no dia 20 de novembro, ainda estao sendo definidos, mas o evento já elegeu a cidadania como principal fio condutor. Ao investigar a relaçao entre os indivíduos e seu hábitat, a mostra pretende nao apenas criar um espaço de discussao sobre a forte crise por que passam as cidades brasileiras, como alertar o público para o importante papel que a arquitetura pode desempenhar para melhorar a qualidade de vida da populaçao. "Hoje há uma certa convicçao de que a falta de equipamentos e de espaços com qualidade é um dos fatores que levam a relacionamentos conflituosos, para nao dizer à violência, e isso precisa ser trazido para o debate", afirma Lúcio Gomes Machado, responsável pela curadoria da Bienal em parceria com Luiz Fisberg.

Essa abordagem, propositalmente ampla para dar lugar a exposiçoes bastante diversas, reforça o caráter humanista da arquitetura e de certa forma dá continuidade ao projeto iniciado em 1973, quando foi realizada a primeira Bienal de Arquitetura. Até entao, a arquitetura tinha lugar garantido nas bienais de artes, mas nesse período se decidiu por criar uma mostra separada, algo que respondia diretamente aos interesses de fomentar a evoluçao da paisagem urbana no País. Nao à toa que essa primeira ediçao foi patrocinada integralmente pelo BNH (Banco Nacional de Habitaçao). Foram necessários 20 anos para que se conseguisse realizar uma 2.ª Bienal Internacional de Arquitetura, em 1993.

"Foi um erro estratégico dos arquitetos, que acharam que estavam com a bola maior do que tinham, até porque em meados dos 70 começou uma destruiçao brutal das associaçoes, eclodiram várias e sucessivas crises que promoveram uma desarticulaçao muito grande das entidades", explica Machado. Ironicamente, o regime militar promoveu ao mesmo tempo a ascensao e a erradicaçao da arquitetura no cenário das preocupaçoes nacionais com seu sonho de Brasil grande e a enorme repressao política.




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