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Mercedes-Benz investe R$ 100 mi em São Bernardo

Montadora moderniza fábrica para ampliar produção; mesmo com ociosidade em 50%, há 200 vagas

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
01/03/2019 | 07:33
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Divulgação


A Mercedes-Benz inaugurou ontem linha de montagem de cabinas de caminhões na fábrica de São Bernardo, que custou R$ 100 milhões e passa a seguir os conceitos da indústria 4.0, com mais tecnologia e conectividade. O aporte integra valores anunciados em março do ano passado, de R$ 2,4 bilhões, que serão investidos na planta até 2022.

Hoje, embora atue com ociosidade de 50%, a intenção é preparar a planta para quando o mercado se recuperar plenamente. A capacidade produtiva atual é de 50 caminhões em cada um dos dois turnos, ou seja, 100 por dia. E isso representa alta de 15% em relação ao tempo levado antes da inauguração da fábrica 4.0, há um ano. Em outras palavras, se antes um pesado levava 100 horas para sair da linha de montagem, hoje são 85 horas. Quanto à produção das cabinas, até o ano passado eram confeccionadas 70 por turno; a partir de agora, é possível chegar a 105.

“O mercado de veículos comerciais continua muito complicado, mesmo com o crescimento que temos. Ainda operamos a 50% do volume que tínhamos em 2012, 2013 e 2014, antes da crise”, afirmou Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina.

Questionado sobre o atual cenário do mercado de caminhões no Brasil, e a decisão da Ford, anunciada há uma semana, de encerrar sua produção na planta vizinha à da Mercedes, Schiemer disse não comentar decisões de outras companhias. “Mas com certeza vamos nos aproximar desse mercado, se isso acontecer.”

Para ampliar a competitividade, afirmou que é preciso haver investimento alto. “E para esse investimento se concretizar é preciso ter volume de vendas e fazer frente aos mercados externos, que são competitivos. Por isso batemos tanto na tecla de que o Brasil precisa se tornar competitivo internacionalmente. Nós fazemos a nossa parte. Mas o País precisa se tornar mais atrativo para estimular investimentos”, assinala. Ele compara o Brasil com o México, a China e a Índia, seus maiores concorrentes. “Nosso produto é 20% mais caro que os deles, e isso vem de impostos e gastos com logística. Queremos ter condições similares às dos outros países.”

Em 2018, em média 30% do volume produzido foi exportado. “Queremos chegar a 50%”, disse, ao projetar que isso ocorra em 2020, ao ponderar que dificilmente a meta será atingida antes devido aos problemas com a Argentina, maior cliente do setor automotivo brasileiro.

Schiemer lembrou que ontem saíram os resultados do PIB (Produto Interno Bruto), com alta de 1,1% no ano passado, o mesmo que em 2017, mas citou que os investimentos caíram. “Isso mostra claramente onde está o problema. Para nós não foi surpresa esse resultado do PIB. Foram seis meses turbulentos, com a greve dos caminhoneiros, a incerteza das eleições. Com esse ambiente foi muito difícil investir.” Mesmo assim, ele citou que o mercado de caminhões tem potencial para crescer 20% neste ano.

EMPREGO - Quanto à geração de emprego, Schiemer afirma que, por ora, não haverá contratações adicionais às dos 400 anunciadas no início do ano. “Isso depende do mercado. Quando aumentarmos a nossa capacidade, podemos contratar. Quando o mercado crescer, precisaremos contratar”, afirmou. No entanto, ainda há 200 vagas em aberto, que podem ser preenchidas até abril. Hoje são 8.000 trabalhadores em São Bernardo.  




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