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Chuva põe região em alerta para leptospirose

Estudo da USCS mostra que incidência de casos da doença no Grande ABC é maior do que no Estado

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
28/02/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Estudo realizado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), apresentado ontem, indica que o Grande ABC possui média de casos de leptospirose superior à registrada no Estado. A preocupação acerca da doença se intensifica durante o verão, período propício para as enchentes, como as observadas nas últimas semanas na região. Isso porque a bactéria causadora da doença está presente na urina dos ratos, facilmente encontrada em pontos de alagamento próximos a rios e córregos e em áreas com esgoto a céu aberto.

Quando analisada a série histórica entre 2001 e 2017, a região tem índice de 1,84 paciente infectado a cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto em São Paulo o número é de 1,56. O levantamento leva em conta dados fornecidos pelo Ministério da Saúde. Já em relação à taxa de letalidade da doença, as sete cidades chegam a superar, juntas, a média do País. No Grande ABC, o índice é 10,44 óbitos por 100 mil habitantes contra 9,42 em nível nacional.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, foram 36 casos confirmados da doença no ano passado em Santo André (dez), São Bernardo (11), São Caetano (dois), Diadema (sete), Mauá (três), Ribeirão Pires (dois) e Rio Grande da Serra (um). A região registrou, ainda, cinco óbitos, sendo dois em Diadema, um em Santo André, um em São Bernardo e um em Mauá.

Para a médica-veterinária e mestranda em epidemiologia experimental aplicada às zoonoses, Stefanie Sussai, responsável pela elaboração do estudo, os números mostram que a estrutura das cidades da região, assim como a densidade de áreas habitadas próximas a rios e afluentes, onde há inundações, contribui diretamente para este cenário. “Temos muitas áreas com esgoto a céu aberto. E todo esse contexto de lixo na rua contribui com a proliferação de ratos. Todo mundo tem responsabilidade em relação a isso. Tanto poder público quanto habitantes da região”, considera a especialista.

Embora o Grande ABC possua características que elevam os riscos para incidência da doença, a médica-veterinária fala na importância de redobrar os cuidados durante o período de enchente. Um dos alertas é que, caso a água da chuva invada residências, a recomendação é desinfetar o chão, paredes, objetos caseiros e roupas com solução de água sanitária. Evitar andar por trechos alagados é outra indicação.

Pessoas contaminadas com a doença podem ter diversos sintomas, como dores musculares, principalmente nas panturrilhas, febre alta e problemas nos rins, o que causa a coloração amarelada na pele. Além disso, a leptospirose também pode atacar o pulmão, o fígado, o coração e outros órgãos.




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