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Deslizamento de terra mata duas pessoas em Mauá
Ana Macchi e
Sérgio Campos
Do Diário do Grande ABC
17/12/2002 | 20:25
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Mãe e filha morreram às 15h desta terça em um desabamento que destruiu pelo menos dez barracos no morro do Macuco, área invadida do complexo Zaíra, em Mauá. O deslizamento deixou 30 moradores desabrigados. Outras duas pessoas (um bebê e uma adolescente) foram socorridas com vida minutos depois da tragédia. Todos eram da mesma família.   

Chovia forte quando o barranco deslizou cerca de 40 metros de altura e arrastou as casas vizinhas. A dona de casa Elizabete Moraes Ramos, 23 anos, estava com a filha Ana Carolina, 5, o filho Caio, 1, e a cunhada Fernanda Ramos, 15, em casa. Preocupada com a possibilidade de um possível deslizamento de terra atingir sua casa, Elizabete e os três deixaram o barraco. Porém, não conseguiram fugir da avalanche de terra.   

Elizabete e Ana morreram e Caio e Fernanda foram resgatados com vida por moradores e estão em estado de observação no Hospital Nardini, no município. “Se elas tivessem ficado dentro de casa, não teriam morrido”, disse a mãe de Elizabete, a dona de casa Helena da Silva Moraes, 50. Os dois cômodos de alvenaria onde as vítimas moravam ficaram intactos. “Minha irmã e minha sobrinha (Ana) ficaram totalmente soterradas. Só conseguimos encontrá-las depois de uma hora, a cerca de 30 metros de distância de onde encontramos os dois primeiros. Elas já estavam mortas”, disse o irmão da vítima, Leonardo Moraes, 20.   

A equipe de Resgate do Corpo de Bombeiros identificou três pontos de desmoronamento e teve dificuldades para chegar ao bairro. Cercado por morros, o terreno onde as vítimas foram soterradas estava com um monte de lama, que alcançava quase um metro de altura. Todas as ruas do morro foram tomadas por lama e diversas casas, parcialmente destruídas. Elizabete e Ana estavam em locais separados. A mãe – a última a ser resgatada – foi achada com a roupa rasgada e com o corpo coberto de terra.  

Populares – Antes de os 27 bombeiros do Resgate chegarem ao local, vizinhos e amigos das vítimas tentavam, com enxadas, encontrar os desaparecidos. “Quando encontrei a Fernanda, ela não estava soterrada, mas já não tinha roupa. Seu corpo e seus olhos estavam cobertos de lama. Ela disse que precisávamos procurar sua cunhada e sobrinhos. Demos um banho nela e, depois, ela desmaiou”, disse a dona de casa Maria de Souza, 15 anos. Pouco tempo depois, a dona de casa Maria das Graças Bezerra encontrou Caio, de 1 ano. “A Bete e a Ana foram encontradas bem longe dali. Por isso, ninguém conseguia achá-las.”   

O tenente do Corpo de Bombeiros, Arthur Bicudo, acredita que as vítimas fatais sofreram traumatismo ao serem arrastadas pela terra. Possivelmente, também foram asfixiadas pela lama. “Depois de cinco minutos sem respirar, acontece a morte cerebral e, em seguida, os órgãos deixam de funcionar”, disse Bicudo. Os sobreviventes sofreram apenas ferimentos leves, segundo informações do hospital.




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