Por três meses, a nutricionista Selma Arraval acompanhou 57 crianças, com idades entre 7 meses e 5 anos, em uma creche municipal de São Paulo. O trabalho verificou uma diminuição de até 65% da anemia depois da introdução do ferro na alimentação diária da creche.
As crianças receberam a suplementação de ferro na água de cozimento do arroz e do macarrão, sem acarretar alterações no gosto, odor ou aspecto dos alimentos. Selma afirmou que a ingestão da substância por pessoas que não tenham anemia não traz prejuízo à saúde. “O excesso de ferro é eliminado naturalmente pelo organismo. Há casos raríssimos de pessoas com problemas congênitos para as quais a substância pode ser prejudicial”, disse.
Segundo a autora da pesquisa, a anemia é comum na idade pré-escolar, principalmente entre 6 meses e 2 anos, por causa do crescimento rápido e a transição alimentar – quando o bebê passa de uma dieta exclusivamente à base de leite para as papinhas, sucos e sopas. Nessa fase, o organismo tem dificuldade em obter a quantidade de ferro ideal, apenas por meio de uma alimentação balanceada. Daí, a necessidade da complementação.
O alimento mais rico em ferro é a carne, seguida do feijão. “Às vezes, as mães dão apenas o caldinho do feijão para a criança. Não adianta nada, é preciso ingerir o grão amassado ou inteiro para que o ferro seja aproveitado”, disse a nutricionista autora da pesquisa.
Uma dieta deficiente agrava mais ainda o quadro de anemia. “Como a carne é um produto caro, nem sempre está incluída na alimentação diária das pessoas. Na rede pública, o estudante, muitas vezes, recebe a sua principal refeição na escola ou creche. Por isso, é importante reforçar a merenda”, disse a nutricionista. A ingestão de vitamina C, por meio de sucos e frutas cítricas, ajuda na absorção do ferro.
Mesmo as crianças com peso normal e até as mais gordinhas podem sofrer de anemia. Uma dieta baseada em farináceos e arroz faz a pessoa engordar, mas não fornece os nutrientes necessários ao organismo. “As dietas restritivas e monótonas causam o que chamamos de fome oculta, que significa que a criança está saciada pela quantidade de comida ingerida, mas necessita de vitaminas e outras substâncias essenciais”, disse Selma.
Além das crianças, idosos, gestantes e adolescentes necessitam de uma complementação de ferro na alimentação diária. É importante, contudo, ter a orientação de um médico ou nutricionista para saber a quantidade e o tipo de ferro que deve ser ingerido (o sulfato ferroso costuma acarretar efeitos colaterais, já o ferro aminoquelato é mais bem-aceito pelo organismo).
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