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'Brasil Outros 500' fica em cartaz até domingo
Do Diário do Grande ABC
24/04/2000 | 17:00
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Fica em cartaz desta terça-feira até domingo, no Teatro Municipal, o espetáculo "Brasil Outros 500 - Uma Poop Opera", de Millôr Fernandes, que narra a história do país a partir de um ponto de vista bem-humorado e criativo. Poop na definiçao do autor, é a abreviatura de Palavra, Olhar, Ouvido e Popular. Parte das comemoraçoes oficiais pelos 500 Anos do Descobrimento, a opéra é uma co-produçao da Arena Produçoes e da TV Cultura de Sao Paulo.

O espetáculo nasceu da iniciativa do produtor Luiz de Galvao, com vasta experiência na área musical. Entre as montagens de que participou estao o oratório "Colombo", as óperas "O Guarani", de Antônio Carlos Gomes, e "Aida", uma das principais obras do compositor italiano Giuseppe Verdi. Com a intençao de criar um espetáculo integrado às comemoraçoes dos 500 Anos do Descobrimento sem, no entanto, perpetuar preconceitos e repetir velhas fórmulas, Galvao e o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque (PT) formularam um projeto em que a história do país seria analisada por meio de um olhar crítico e bem-humorado.

Millôr Fernandes foi, entao, chamado para escrever o roteiro, e Toquinho, Paulo Sérgio Pinheiro e Wagner Tiso ficaram responsáveis pela música, composta originalmente para o espetáculo. A programaçao visual é de Ziraldo.

Conflito - Millôr montou uma ópera em que, com seu humor sempre mordaz e anárquico, brinca com a história do país e com o imaginário do povo brasileiro. Na tônica do texto está o conflito entre o sonho - personificado no personagem Sonhador, interpretado pelo ator José Rubens Chachá -, e a crítica e a desilusao, pautadas no famoso jeitinho brasileiro, presentes nos comentários do personagem Tomé, interpretado por Sergio Rufino.

A primeira parte trata do momento da partida da esquadra de Cabral, na qual Sonhador e Tomé discutem o espírito aventureiro do homem português do século 16. Uma vez no Brasil, sao lembrados o contato entre o europeu e o indígena e a influência da Igreja Católica na colonizaçao, além de personagens como Pero Vaz de Caminha, d. Pedro I e Tiradentes.

Em seguida, "Brasil Outros 500" entra na história recente do país, fazendo referências a nomes como Getúlio Vargas o presidente "que deixou a vida para entrar na história" e José Sarney, que "deixou a história para cair na vida". Também a queda do Muro de Berlim, o ex-presidente Fernando Collor, Paulo César Farias, o presidente Fernando Henrique Cardoso e até o charuto do presidente Bill Clinton sao citados.

Integraçao - A produçao de "Brasil Outros 500" é um mosaico de elementos provenientes do teatro, dos musicais e da ópera, que dividem o palco com efeitos visuais, projetados em um telao no fundo do palco. A concepçao dos cenários ficou a cargo de Marcelo Oka e Luciene Grecco. Integrantes da equipe técnica da TV Cultura, eles montaram sete cenários - alguns utilizam ou fazem alusoes a obras de artistas plásticos brasileiros como Tarsila do Amaral.

O diretor Roberto Lage, que baseou toda a montagem nos elementos presentes no texto de Millôr, procurou integrar à movimentaçao cênica a música incidental de Wagner Tiso e as cançoes de Toquinho e Paulo Sérgio Pinheiro, apoiadas em melodias populares. A interpretaçao musical é da Sinfonia Cultura, sob a regência do maestro Abel Rocha. Também participam do espetáculo os cantores do Coral Paulistano, com destaque para a contralto Sílvia Tessuto, comandados pelo experiente maestro Samuel Kerr.




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