Cultura & Lazer Titulo
Quartum Crescente se muda para favela do Jardim Ipê
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
21/03/2001 | 19:42
Compartilhar notícia


Rua da Águia, 1.621, favela do Jardim Ipê, Mauá. É nesse endereço que a Cia. Quartum Crescente, fundada há 16 anos por Ronaldo Morais, está montando sua sede. Na pauta, além das atividades teatrais do grupo, uma missão social: cursos culturais gratuitos para a comunidade carente do local e da vizinha Favela do Oratório, a maior da cidade.

“A idéia é entrar com um trabalho de arte-educação em meio à precariedade, levar cultura, ajudar a comunidade a conhecer seus próprios talentos”, afirma James Silva, um dos mentores da iniciativa. A inauguração da sede está prevista para o fim de abril. O espaço abrigará também as Cias. Fraternal Arte na Rua e Núcleo das Artes, braços da Quartum Crescente.

A sede – uma sala de cerca de 45 m², uma cozinha, um banheiro e um cômodo para guardar material cênico – custou à companhia R$ 4 mil. A reforma, mais R$ 2,5 mil. O dinheiro provém das apresentações e da premiação em festivais interestaduais – a Quartum Crescente conquistou 51 prêmios e a Fraternal Arte na Rua, em três anos de atividades, dez. Fogão e geladeira foram doados, e o pessoal do grupo ajudou na reforma.

Além dos cursos sobre teatro, música, dança e artes plásticas, o projeto envolve um trabalho de conscientização política, sem caráter partidário. “É importante que as pessoas tenham opinião própria, discernimento. Pretendemos também promover palestras sobre assuntos de interesse da comunidade, como prevenção de doenças. Não adianta falar sobre física quântica para quem não tem feijão na panela”, diz Silva.

“Acreditamos que a arte-educação deve ser desvinculada do poder público, como uma ONG (Organização Não-Governamental). Só dar de comer não é preparação para a vida”, afirma Morais. Segundo Silva, os cursos atenderão até 600 pessoas por semana. A Quartum Crescente deixou na semana passada um espaço alugado na Vila Bocaina, bairro com infra-estrutura superior. No local, mantido por 18 meses, os cursos atendiam 200 pessoas.

Para Silva, a mudança representa “uma contribuição à sociedade e a desmistificação do preconceito de que só há coisas ruins nas favelas”. A companhia ainda procura parceiros para o projeto. “Precisamos cobrir custos, como contas de água e luz e material didático, e contratar monitores”, justifica Silva.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;