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Roubo de carga aumenta em São Bernardo neste ano
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
17/11/2008 | 07:00
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Levantamento feito pela Fetcesp (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo) aponta um aumento de 36% nas ocorrências de roubos de cargas no perímetro urbano de São Bernardo. A média de 15 casos por mês registrada no ano passado subiu para 21 assaltos em 2008. Em todo o Grande ABC os índices mostram uma elevação de 6%. No ano passado foram 437 assaltos na região, o equivalente a uma média mensal de 36. Até setembro deste ano foram 348 casos, o que significa uma média de 38 ocorrências por mês, segundo a Federação. A única cidade ilesa ao problema é Rio Grande da Serra que não teve nenhum crime do gênero nos últimos dois anos.

O crescimento registrado em São Bernardo foi o maior em todo o Estado. Para entender o problema, basta observar as estatísticas: até setembro deste ano foram 190 crimes, contra 186 registros durante todo o ano de 2007. No ranking das cidades que mais acumulam roubos de cargas na Região Metropolitana de São Paulo, São Bernardo só perde para Capital e agora ocupa o lugar que por muitos anos foi de Guarulhos.

Os índices não incluem as ocorrências registradas nas rodovias Anchieta e Imigrantes que cortam boa parte do município. Foram 15 assaltos nas duas estradas até setembro deste ano.

O assessor de segurança da Fetcesp e responsável pelo estudo, Paulo Roberto de Souza, explica que o aumento de roubos de carga foi generalizado no Estado. "Na Capital chegou a um aumento de 12% nos últimos três meses. Os roubos só crescem quando também há aumento da receptação."

Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do ABC, Antonio Caetano Pinto, lembra que a maioria dos roubos registrados na região são de motoristas de outras cidades. "O inverso também pode ser detectado, porque a maioria dos assaltos às cargas do Grande ABC acontecem na Capital." Caetano acredita que a recente greve da Polícia Civil tenha contribuído para o aumento das ocorrências. O estudo será encaminhado aos sindicatos do segmento e autoridades policiais.

Medo - O motorista Nilton Judeci dos Santos, 55 anos, é um dos exemplos da vulnerabilidade vivida pela categoria. Ele mora em São Paulo, trabalha em Diadema há 12 anos, mas circula por toda a região. Já foi assaltado três vezes, mas o pior, segundo ele, foi em São Bernardo quando dirigia uma Sprinter carregada por equipamentos de automóvel e foi vítima de um seqüestro relâmpago. "Fui seguido por um carro e assim que desci (na Avenida Piraporinha) me renderam. Me levaram para a favela Heliópolis (São Paulo) onde fiquei trancado em um barraco. Disseram que não iriam fazer nada comigo porque só queriam a carga." Depois de algumas horas os criminosos levaram Santos de moto até o local onde estava a Sprinter. A chave estava embaixo do tapete, o celular e a carteira no porta-luvas. Apesar dos momentos de tensão, Santos nada sofreu. "É uma situação muito estranha porque fiquei com a imagem dos bandidos por muito tempo na cabeça. Eu era o alvo sem poder fazer nada. Mas nada aconteceu comigo, eles só levaram a carga e a nota fiscal."

Caminhoneiro há 30 anos, Kirk Pereira, 59, lembra que o medo faz parte da profissão. "Depois que fui assaltado e me levaram uma carga de 30 mil quilos de arroz, estou sempre assustado e desconfiado."




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