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Casas de bingo expandem negócio no ABC
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
18/06/2003 | 22:00
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Sem regulamentação e sem fiscalização desde 1º de janeiro, os bingos continuam se proliferando. No Grande ABC, do início do ano para cá, pelo menos uma nova casa de jogo entrou em funcionamento em São Bernardo. Outra, em Santo André, tenta obter o alvará municipal. Irregulares, os bingos aguardam uma decisão do novo governo federal, que manda para o Congresso ainda este semestre uma proposta de regulamentação. Enquanto isso, as duas prefeituras, dizem tentar impedir a abertura de novas casas. O Ministério Público investiga a relação entre os bingos e a lavagem de dinheiro.

Segundo a diretora do Departamento de Desenvolvimento Urbano de Santo André, Márcia Rossi, a Prefeitura recebeu, há três semanas, um pedido de alvará para a abertura de uma casa de jogos no prédio na esquina da rua General Glicério próximo à estação de trem Santo André. “Mas não concedemos porque eles precisam apresentar a licença da Caixa, entre os documentos.” Impossível: desde 1º de janeiro, todas as licenças concedidas pela Caixa – até então o órgão regulamentador e fiscalizador dos bingos – perderam a validade. Desde então, o segmento está abandonado.

O bingo Mirage, inaugurado em dezembro na avenida Kennedy, em São Bernardo, funciona até hoje sem alvará municipal. Além do Mirage, os sócios investiram em uma outra casa, o Planeta Bingo, que também não tem documentação. Sem identificação na fachada, o bingo está aberto há pelo menos dois meses. “Estamos sendo tão perseguidos que não tivemos de fazer a fachada da casa ainda”, disse um dos sócios do Planeta Bingo, Marco Aurélio Ortega, depois de o Diário tentar por várias vezes, sem sucesso, falar com os donos da casa. Ele confirmou que o Mirage é do mesmo grupo.

O secretário de Obras de São Bernardo, Otávio Manente, voltou a afirmar quarta-feira ao Diário que pelo menos cinco bingos da cidade receberam notificação de lacração, entre eles o Mirage e o Planeta Bingo. “A linha de raciocínio da Procuradoria (Jurídica de São Bernardo) é que estão instalados próximo de escolas.” A interrupção das atividades das casas deve ocorrer nas próximas 36 horas. Os bingos podem conseguir novas liminares judiciais para continuarem abertos.

Nacional – A intenção do atual ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, é legalizar a situação dos bingos. Queiroz defende a proposta do deputado Gilmar Machado (PT), encaminhada no início do ano ao Congresso, que prevê o retorno da Caixa à regulamentação e fiscalização do segmento. Em contrapartida, 14% da arrecadação dos bingos seria revertida para fundos esportivos e programas assistenciais.

No Brasil, estima-se que apenas 30% dos bingos abertos estejam legalizados. A arrecadação do setor renderia algo em torno de R$ 480 milhões. Ao todo, o setor tem um giro de R$ 3,5 bilhões por ano.

Segundo o presidente da Abrabin (Associação Brasileira de Bingos), Olavo Sales da Silveira, a falta de fiscalização e regularização dos bingos pode levar a um nível de “concorrência predatória”. “A proliferação das casas, mesmo sem a licença, pode levar os donos de bingos a transferir para os clientes o montante que deveria ser repassado para o governo”, disse referindo-se a áreas onde não há mais espaço para a abertura de novos bingos.

O problema é discutido pelos empresários de Santo André. “Vamos ter que encarar a chegada de uma outra casa no Centro (no local onde funcionava o Grupo Sérgio) e essa concorrência preocupa quem está no setor”, disse o proprietário do Bingo Carijós.




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