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Colecionadores restauram sonhos sobre rodas
Valéria Cabrera
Da Redaçao
08/04/2000 | 18:54
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  Gastar muito tempo e dinheiro à procura de carros antigos e peças para restauraçao é um prazer para os colecionadores dessas raridades que mais parecem fazer parte de um cenário de filme de época. O hobby, com adeptos no mundo inteiro, também tem seus seguidores no Grande ABC.

O Fordinho é a grande paixao da maioria dos colecionadores e restauradores de carros da regiao. "É muito mais fácil encontrar peças de reposiçao e mecânicos que entendam desses carros que dos de outras marcas", disse o mecânico Roberto Paladino, proprietário de uma oficina especializada em recuperaçao de carros antigos em Sao Bernardo.

Ao contrário do que se pensa, Fordinho nao é o modelo de um carro da Ford, mas sim o apelido, dado por brasileiros, provavelmente na década de 50, aos carros produzidos pela fábrica entre os anos de 1928 e 1931. Entre eles, estao o Baratinha e o Phaeton. Estes dois e mais uma picape, também Ford, ano 1929, fazem parte da coleçao do contador Airton Tadeu Quirolli, 44 anos, que mora na Vila Floresta, em Santo André.

Airton conserva em perfeitas condiçoes, inclusive de rodagem, os carros restaurados por seu pai, já falecido. O primeiro da lista foi um Phaeton 1929. "Meu pai comprou tanta peça para montar o carro, que estava praticamente podre, que sobrou para montar a picape", contou. Em seguida veio o Baratinha, ano 1929. "Conservo tudo original. Quando preciso de alguma peça e nao encontro no Brasil, vou buscar nos Estados Unidos", disse.

Airton mantém a tradiçao do pai com a ajuda de seus dois filhos. O mais novo, Victor, 15 anos, já começou até a fazer um curso de mecânica para poder trabalhar no veículo. Já Leonardo, 18, prefere mesmo é dirigir e deixar os carros brilhando.

 Outro exemplo de que o vício (termo usado pelos próprios colecionadores) seduz geraçoes é o garoto Vagner Elias Espíndola da Silva, 10 anos, que já segue os passos do avô Elias Espíndola da Silva, 66, dono de um Phaeton restaurado e outro começando a ser, ambos fabricados em 1929. "Onde estou com meu carro, meu neto também está", afirmou Elias. O garoto garante que, quando crescer, também será colecionador de carros antigos. "Quero ter vários", disse.

A vontade de possuir um Fordinho vem de longe. "Nasci dentro de um, em uma cidade do interior de Pernambuco, porque nao deu tempo da minha mae chegar no hospital", contou Elias. "Acho que o chacoalhar do carro fez com que eu nascesse antes da hora", disse. Mas o alto custo desse tipo de atividade adiou o sonho até 1991, quando comprou o primeiro carro. "Seu estado era lastimável. Pensei que nunca conseguiria deixá-lo bonito como está hoje."

Após nove anos e investimentos que nem se lembra do valor, Elias pode passear pelas ruas de Sao Bernardo, cidade que escolheu para morar quando veio para Sao Paulo. "Minha grande satisfaçao é ver os olhos curiosos e de admiraçao das pessoas quando passo com meu carro", disse.




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