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Região celebra dia da Consciência Negra
Bruna Gonçalves
do Diário do Grande ABC
21/11/2010 | 07:33
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Conscientização e divulgação foram apontadas como primordiais para que não haja mais desigualdade racial no Brasil, fazendo com que o dia em comemoração da Consciência Negra não seja só mais um feriado. Na região, o sábado foi marcado por várias atividades.

"A data coincide com a morte de Zumbi dos Palmares líder de um dos maiores quilombos do tempo da escravidão no Brasil) e muitos não têm esse conhecimento. É preciso que tenha uma valorização da cultura negra no País e que seja um feriado não para os negros, mas para toda a sociedade", ressaltou o gerente de Políticas Públicas para a Igualdade Racial de São Bernardo, Leon Santos Padial.

São Bernardo abrigou a Caminhada da Consciência, que aconteceu da Praça Lauro Gomes até a Praça da Matriz, onde houve cerimônia de cultos.

O evento contou com as comunidades tradicionais de terreiros da cidade. "Muitos ligam o candomblé à macumba, mas situações assim despertam a curiosidade e fazem com que as pessoas conheçam melhor nossa cultura", afirmou a auxiliar de limpeza e cozinha Maria Cícera da Silva, 48 anos.

Para a manicure Tânia Oxum, 33, falta conscientização e divulgação da data. "As pessoas precisam se impor mais e buscar seus interesses sem esse preconceito", disse Tânia, que trouxe a filha Luana de Iemanjá, 10.

Na escola sempre me perguntam sobre minha religião. Percebo que não sabem muito. Seria legal aprender isso nas aulas de história", contou a menina. Entidades do movimento negro, como a Educafro (Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes), também participaram. "A desigualdade é grande. Vemos que a maioria dos negros está nas periferias. Temos um racismo que passa muitas vezes despercebido. O nosso papel é trabalhar com a cidadania e auxiliar na preparação para o vestibular", disse a coordenadora do Núcleo Raízes da Educafro de São Bernardo, Rosangela Soares Sartoreto.

Quem passava pelo local parou para observar. "É uma cultura como outra qualquer, que deve ser respeitada e passada para as outras gerações. Antes as mulheres não votavam, hoje elegemos uma presidenta. As coisas têm de mudar", ressaltou o analista de qualidade Edson Melo, 48, que andava pela Rua Marechal Deodoro com a filha. Ainda em São Bernardo, o cantor Netinho de Paula fez show na Praça Giovanni Breda.

Santo André

O público pode conferir apresentações musicais no Show Brilho da Negritude, na Concha Acústica, no Centro, além da participação da Escola de Samba Palmares. "O evento tem ligação com a origem das escolas de samba, que começou nas senzalas", ressaltou o presidente da UESA (União das Escolas de Samba de Santo André), Valter Belber. Para o produtor artístico e coordenador do projeto Avanço da Comunidade, Jorge Dutra, o negro tem adquirido o seu espaço. "Já temos um negro na presidência dos EUA, Isso mostra que todos temos os mesmos direitos e chances na vida."

Sonia Maria de Souza Raimundo, 58, do Movimento de Mulheres Negras de Santo André, era uma das mais empolgadas. "Antes não tínhamos nada e aos poucos estamos revertendo essa história", completou.




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