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Jardim Santo André revive hoje tragédia do caso Eloá
Fabiana Chiachiri
Do Diário do Grande ABC
19/11/2008 | 07:01
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Prédio maldito. Assim o bloco 24 da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do Jardim Santo André, em Santo André, tem sido identificado desde o dia 17 de outubro, quando terminou de forma trágica o mais longo caso de cárcere privado do País. Hoje, o local volta a chamar a atenção do Brasil, com a reconstituição do crime, que resultou na morte de uma garota e em ferimento na amiga dela.

Foi nesse edifício, no apartamento 24, que Lindemberg Fernandes Alves, 22 anos, manteve as estudantes Eloá Cristina da Silva e Nayara Rodrigues da Silva, ambas de 15, reféns por 100 horas. Eloá acabou morta pelo ex-namorado.

A Polícia Civil pretende esclarecer algumas dúvidas, como se houve um tiro dado por Lindemberg antes da invasão dos PMs do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).

O bloco 24 tem sido, nas últimas semanas, ponto atrativo para curiosos e moradores da região. Quem reside no edifício reclama desse ‘assédio macabro'. "Todas as vezes em que saio à rua, alguém me olha de maneira diferente. Já ouvi pessoas dizendo ‘olha aquela mulher que mora no prédio da Eloá'. Ninguém mais tem sossego", desabafa a dona-de-casa Ione de Souza Lemos, 34 anos, que mora no imóvel 34, bem acima de onde ocorreu a tragédia.

Com problemas cardíacos, a também dona-de-casa Creusa de Fátima Silva, 44, diz que não consegue mais dormir desde 14 de outubro, quando Lindemberg invadiu a casa da ex-namorada de arma em punho. "Fiquei três dias sem comer direito, pois não podia sair de casa. Agora, tenho taquicardia quase diariamente."

Medo, insegurança e tristeza são os sentimentos de outra dona-de-casa. Alzerina Cesária Silva Figueiredo, 64, reside no apartamento 2. Ela revela que não fica mais sozinha. "Meus netos ou minha filha têm de vir dormir comigo."

O coordenador de projetos do Instituto São Paulo Contra Violência Paullo Santos explica que tragédias costumam traumatizar as pessoas, mesmo que elas não tenham envolvimento direto com a violência em si. "Foram muitos dias de exposição na mídia. O local vira ponto de referência. Infelizmente, lembramos mais de coisas ruins do que boas. Mas, com o tempo, esse estigma se dilui assim como aconteceu com o caso Isabella Nardoni (morta em março ao ser jogada do 6º andar em São Paulo)", diz.




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