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Em nome da fé

Artista sacro Guto Godoy faz sua primeira mostra, no Museu Sagrada Família, em São Caetano

Miriam Gimenes
20/09/2018 | 07:51
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André Henriques/DGABC


Cláudio Pastro (1948-2016) é considerado o maior nome da arte sacra brasileira. Seu traço singular, impresso em inúmeras superfícies, inclusive em azulejos e mosaicos, está espalhado em cerca de 350 catedrais do mundo. Mas um lugar, em especial, guarda sua obra-prima: o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Por lá, em todos os lados onde a vista alcança, é impossível não notar a presença ‘do dedo’ do artista.

Mas no Grande ABC também há exemplar de sua obra. É a Chuva do Advento, que tem lugar especial no Museu Sagrada Família – Catequese e Arte, em São Caetano. Não à toa, este foi o espaço escolhido pelo também artista sacro Guto Godoy para fazer sua primeira exposição, A Beleza do Absoluto, com curadoria do Padre Jordélio Ledo. É que durante os seus últimos seis anos de vida, Pastro foi mestre do jovem artista, que tem apenas 22 anos.

Godoy conta que sempre foi fã do artista sacro e, em uma ocasião, conseguiu assistir a uma palestra dele em Marília. “Fiquei encantado pela fala dele e, ao fim, comentei que gostaria de conhecer seu ateliê.” Pastro ficou lisonjeado e combinaram de se encontrar em São Paulo. “Quando fiquei de frente com toda sua obra, vi como ele produzia e não tive dúvidas: pedi para ele ser meu mestre. O grande artista assumiu como discípulo um menino do Interior (Palmital) de 14 anos, talvez esperançando que a arte sacra continuasse viva no Brasil.”

Foram, portanto, seis anos de profunda convivência, que resultaram diretamente na obra de Godoy. “No princípio me acusavam de cópia, mas temos de lembrar que na iconografia tradicional bizantina o desenho já esta definido há centenas de anos e o artista faz uma continuidade. O traço (dos dois), de fato, é muito próximo, por conta desse elemento de manutenção da mensagem e nós, artistas que anunciamos o evangelho, por meio de nossas obras, procuramos manter uma forma próxima.”

Ao todo, na mostra de São Caetano estão 28 exemplares de sua arte – duas já foram vendidas, inclusive –, entre quadros, esculturas, serigrafias no papel, incisão sobre aço inoxidável (com 11 parábolas). “Com a arte sacra quero continuar auxiliando na compreensão dos mistérios da fé, no comprometimento das grandes questões da humanidade, porque não podemos fechar os olhos.” Godoy, que é formado em artes visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, parte hoje para Roma, onde deve ficar nos próximos cinco anos, a convite dos monges beneditinos, para aperfeiçoar a sua arte.

A Beleza do Absoluto – Exposição. Museu Sagrada Família (Praça Cardeal Arcoverde). Até 15 de outubro, de quinta a domingo, das 10 às 16h. De R$ 5 a R$ 10.  




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