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PC do ano 2000 terá 'cara nova' e maior potência
Helder Lima
Da Redaçao
03/01/2000 | 17:20
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A boa notícia do mundo da informática para este início de ano fica por conta do design. A caixa retangular cinza ou bege, irretocada há 20 anos desde que o conceito de PC surgiu, mudará de forma, tamanho e, enfim, terá maior funcionalidade e afinidade com a interface gráfica do sistema operacional armazenado na memória.

Superficialidade ou questao de embalagem? Nem tanto. Para os experts da tecnologia, a reflexao sobre a formato dos micros permitirá ampliar a gama de produtos, proporcionando até conceitos de utilizaçoes mais específicos, sem que contudo seja perdida potência de processamento e autonomia na interaçao com dados. Essa tendência foi claramente lançada pelo iMac, da Apple, e agora resta à concorrência dos fabricantes de PC rever a funcionalidade física do velho desktop. De todo modo, em 2000 ainda permaneceremos longe do computador de vestir, que de vez em quando aparece em um ambiente hi-tech qualquer, em algum lugar do planeta.

Já a notícia ruim, ou pelo menos relativamente ruim, é dada pela tipologia de microprocessadores. Ainda nao será no ano 2000 que a esperada arquitetura de 64 bits (leia-se Itanium, da Intel) ganhará viabilidade comercial no mercado, pronta para invadir o quarto ou o escritório dos nerds inocentes e famintos por tecnologia.

Emilio Gimenez, gerente de marketing da AMD, hoje a mais forte concorrente da poderosa Intel, sustenta que 2000 será marcado pela consolidaçao da sétima geraçao de processadores, possibilitando, ainda com 32 bits, um mundo mais realista na tela do computador e também com ganhos de performance.

Assim, a boa notícia no segmento de hardware estará restrita ao visor da CPU, que mostra a velocidade de clock do chip. "Antes do meio do ano, vamos romper a barreira de 1 GHz", afirma Gimenez. A julgar pelos últimos lançamentos dos fabricantes de chips - há poucos dias a Intel anunciou o Pentium III de 800 MHz e a AMD está divulgando o Athlon de 750 MHz - a lei de Gordon Moore, diretor da Intel, está mais viva do que nunca. Em 1965, em pleno reinado dos mainframes, Moore observou que a potência dos computadores dobra a cada período compreendido entre 18 e 24 meses.

Na corrida para estourar o velocímetro do computador, duas variáveis sao tidas como fundamentais. Segundo Gimenez, a pesquisa de novos materiais na composiçao dos chips vem indicando que os condutores de alumínio nos transistores deverao ser substituídos por filamentos de cobre. "Isso deverá acontecer em algum momento entre 900 MHz e 1,2 GHz, portanto, ainda no ano 2000", explica.

A outra variável, em uma perspectiva de maior prazo, mostra que ainda existe uma longa estrada até se chegar ao limite de uso do potencial do silício na indústria de semicondutores. "Em 2000, a tecnologia 0,18 mícron estará plenamente consolidada", acredita Gimenez. Um estudo da organizaçao norte-americana Institute For The Future (www.iftf.org) prevê um horizonte de dez anos até que a capacidade do silício chegue ao limite. Curiosamente, a medida dessa capacidade é dada pelos espaços vazios entre os transistores abrigados em cada chip, que nada mais é do que o 0,18 mícron, em última instância, uma medida de densidade. Anteriormente, essa medida era de 0,25 mícron.

Segundo o IFTF, em 2010 a tecnologia deverá permitir processadores com 0,04 mícron, o que significa que o indústria manipulará o processo de fabricaçao de chips praticamente próxima do nível do átomo. "O tamanho de 0,04 mícron", diz o estudo, "é menos do que 100 diâmetros de um átomo".

Para atingir esse grau de densidade, o processo de fabricaçao deverá mudar, ainda que seja mantido o uso do silício como matéria-prima. Hoje, a base de construçao dos transistores é dada pelo processo de fotolitografia, a grosso modo, uma técnica fotográfica de impressao semelhante à que é utilizada na indústria gráfica. Já em escalas menores, prevê-se que o processo litográfico adote fontes de radiaçao de energia - raios ultravioleta, raio-X e até feixes de elétrons.

Tudo isso será feito sob pesados investimentos, mas sem que os PCs representem aumento de custo para o mercado consumidor. Pelo contrário, a tecnologia nos próximos anos deve se tornar mais e mais barata, permitindo que o recurso do microprocessamento possa expandir mercado para além das fronteiras do desktop, alcançando outros segmentos econômicos, como o automotivo e o de eletrodomésticos, entre outros.




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