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Vídeo conta história da dança do ABC
Nelson Albuquerque
Da Redaçao
02/09/2000 | 16:16
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Os últimos 50 anos e o estágio atual da dança na regiao estao documentados no vídeo O ABCDança, produzido pelo fotógrafo e publicitário Cido Barbosa. Lançada nesta semana, a fita contém depoimentos de importantes artistas e mostra interessantes exemplos de projetos sociais gerados a partir dessa manifestaçao artística. O documentário foi financiado pelo Fundo de Cultura da Prefeitura de Santo André.

Foram gastos, no total, R$ 25 mil - 72% deste valor foi coberto pelo financiamento municipal e o restante pelo co-patrocínio da Reflex Multimagem. Das 500 fitas reproduzidas, 50 ficarao com a Prefeitura e mais um número ainda nao definido será distribuído para institutos e centros culturais do Brasil e para as academias da regiao. O público poderá adquirir o filme por meio do telefone 4992-7667, ao preço de R$ 10.

As pesquisas para a produçao do documentário começaram em outubro do ano passado, mas foram interrompidas por falta de colaboraçao de algumas academias. "A soluçao foi promover uma discussao entre jovens bailarinos de várias academias do Grande ABC para que eles pudessem expor suas opinioes", conta Barbosa. O encontro aconteceu, em fevereiro deste ano, em um café de Santo André.

Na fita, esse bate-papo é fragmentado e intercalado por comentários de professores e bailarinos que fazem parte da história da dança na regiao. Entre eles, estao Ruslan Gawriljuk, Toshie Kobayashi, Ivonice Satie, Sandro Borelli, Evelyn Agabiti, Marisa Ballarine e Andréa Thomioka.

"O ABCDança dá voz a `feras' que tiveram seus tempos de glória, mas hoje vivem uma época em que os shoppings têm mais gente que os espetáculos", opina Barbosa. Segundo o dançarino Ruslan, o principal motivo da queda de público é a falta de espaços para apresentaçoes. "É difícil ter de pagar um aluguel de R$ 8 mil por um palco. Isso é pagar para dançar", reclama.

Sem a preocupaçao de obter lucros, a Prefeitura de Diadema mantém um dos programas mais elogiados: a Cia de Danças. "O segredo está na simplicidade. Tratamos a dança como uma arte pura", comenta Ivonice Satie, responsável pelo projeto. O lado social é reforçado com a transformaçao de cada bailarino em arte-educador. Outro destaque da cidade é o grupo Mao na Roda, formado por deficientes físicos e que atrai grandes públicos.

Uma crítica do dançarino andreense Sandro Borelli contra as academias particulares nao foi utilizada no vídeo. "As academias de balé atrasaram a evoluçao da dança, só pensam no aspecto comercial e criam um perfil nada humilde", disse em entrevista ao Diário. A única escola elogiada por Borelli foi a de Toshie Kobayashi: "Ela sabe o que faz".

Toshie acredita que o prestígio de sua academia deve-se à importância dada ao futuro dos alunos. "Sou chamada de brava e rígida, mas se a criança nao está apta, eu nao a apresento", diz.

Evelyn Agabiti, da Escola Ballet Evelyn, de Sao Bernardo, rebate as críticas de Borelli: "O estilo pós-moderno dele é diferente do que ensinamos aqui. Nossos alunos sao de uma idade que nao se interessam porseu tipo de trabalho. Aliás, ele é da regiao, mas trabalha fora. Acho que deveria ensinar seu estilo por aqui. E o vídeo é uma ótima iniciativa para a preservaçao da memória da dança e a partir dele, sim, devemos pensar em uma análise."

O documentário foi filmado com câmera digital. "A produçao tinha de ser mais barata, mas nao ficou amadora", afirma Barbosa, que, por ser fotógrafo, conseguiu captar boas tomadas. Mas, assim como a ediçao das imagens, o som fica a desejar por causa da falta de acústica nas locaçoes. O roteiro é assinado pelo ator e escritor Carlos Lotto.




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