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Vida de repórter

Jornalista e escritora Eliane Brum fala hoje no Sesc Santo André sobre sua experiência na Amazônia

Miriam Gimenes
20/06/2018 | 07:00
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Lilo Clareto/Divulgação


Com um bloquinho na mão e muita disposição para ouvir histórias, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum viaja, há mais de duas décadas, para a Amazônia. Das incursões na floresta escreveu série de reportagens, cujos bastidores serão contados hoje, a partir das 20h, no Sesc Santo André, no projeto Sempre Um Papo. Ela também falará sobre livros-reportagens que publicou e outros trabalhos que realizou durante sua carreira.

Embora Eliane, 52 anos, goste mais de escutar do que falar, hoje ela está disposta a relatar as histórias que a encantaram ao longo destas viagens. “Sou uma escutadeira, que escuta para contar histórias reais para pessoas que não tiveram a chance de alcançar os lugares que alcanço. Como repórter, faço do meu corpo uma ponte entre mundos. Então, quem for me escutar, vai ouvir muitas histórias sobre a Amazônia, os povos da floresta e a resistência. E também sobre meus livros, que foram reeditados pela Arquipélago. Metade das reportagens de O Olho da Rua foi feita na Amazônia. E Meus Desacontecimentos, que é um livro sobre a minha história com a palavra, surgiu a partir de uma profunda crise que tive com a reportagem”, adianta.

Desde 2011 ela acompanha, como um projeto de reportagem pessoal, as populações ribeirinhas atingidas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, na região de Altamira, no Pará. “Desde agosto de 2017, vivo em Altamira para acompanhar essa realidade mais de perto. Acredito que, num momento em que o planeta vive a mudança climática provocada por ação humana, possivelmente o maior desafio da história de nossa espécie, a Amazônia é o centro do Brasil – não São Paulo, Rio e Brasília, e não o Centro-Sul. Assim, inverti minha posição. Não sou mais enviada à Amazônia, como se costuma publicar na imprensa, mas ‘enviada à Grande São Paulo.’” A experiência, ressalta, tem a transformado todos os dias, por conhecer de perto quantos Brasis podem existir dentro deste País.

Segundo ela, os ribeirinhos – ou beiradeiros, como prefere chamar – foram expulsos pela hidrelétrica para periferia de Altamira e, com toda razão, lutam para voltar ao rio e ter a criação de um território próprio. “O que as pessoas de São Paulo e outras regiões precisam compreender é que são os povos da floresta, como os ribeirinhos e os indígenas, os grandes responsáveis por ainda existir a Amazônia. São eles que, com seus corpos, barram a destruição. Muitas vezes são assassinados nessa luta solitária pela floresta. Teremos que aprender muito com eles se quisermos ter algum futuro possível”, finaliza. Ao longo de sua carreira, Eliane ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de jornalismo e atualmente é colunista do portal do jornal El País.

Eliane Brum – Bate-papo. Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. Hoje, às 20h. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência.




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