Duas das coreografias são assinadas por Sandro Borelli e Luis Ferron e a outra é uma criação coletiva das próprias integrantes da Stacatto. A estréia foi em junho deste ano.
Após a apresentação desta sexta haverá um bate-papo entre as bailarinas e o público sobre o processo de criação. "Vamos falar, por exemplo, como o coreógrafo traz a linguagem da poesia para a dança", diz a diretora.
Poemas transformados em movimento é o que os espectadores assistirão logo no início do espetáculo. A companhia abre o espetáculo com a coreografia Poema Negro, concebida por Borelli a partir da obra do poeta Augusto dos Anjos (1884-1914).
Os densos versos de Augusto dos Anjos tratam do desespero do homem em relação à sua existência. Borelli busca representar uma dualidade constante, os limites da sanidade e da loucura. Para essa coreografia, o elenco é formado pelas cinco integrantes da Stacatto: Alessandra Fioravanti, Carolini Piovani, Daniela Rocco, Paula Sanchez e Sílvia Martins.
Duas delas - Sílvia e Daniela - e mais a estagiária Juliana Lima, que faz sua estréia no grupo, integram a obra seguinte. Retoques é uma concepção coletiva que trata das reações provocadas pelo toque. "Abordamos o estímulo do corpo ao ser tocado. Partimos dos movimentos micros até chegarmos aos macros", afirma Caren, responsável pela direção dessa coreografia.
Herói - A terceira e última parte do espetáculo é com Filhos de Papiza, de Ferron. O autor foi inspirado pela trajetória do herói, que sai de seu mundo comum e é chamado para o grande embate até voltar ao seu mundo transformado pela experiência.
"Procuro reproduzir em cena a trajetória do Guerreiro e sua sombra, o Guardião, de acordo com a obra de Joseph Campbell (estudioso em mitologia)", diz Ferron. Arquétipos mitológicos, Guerreiro e Guardião aceitam o combate e retornam mutilados, o que os levarão a jamais serem os mesmos. No palco, estarão as bailarinas Paula e Carolini.
A música escolhida por Ferron para embalar a história é Bolero, de Maurice Ravel (1875-1937). É uma escolha ousada, já que a música ficou marcada pela clássica composição coreográfica do francês Maurice Bejart. "De certa forma, eu encaro a memória do público que prestigiou o Bolero de Bejart", afirma o autor.
Ferron explica que seu trabalho passa longe de uma releitura da obra do francês. "Para Bejart, o Bolero é uma mera inspiração musical. Para mim, é a descrição musical da trajetória do Guerreiro: no início tem um ar trivial, vai crescendo até chegar ao seu apogeu", diz.
Stacatto - Dança. Sexta, às 21h. No Teatro Santos Dumont - av. Goiás, 1.111, São Caetano. Tel.: 4238-3030. Ingr.: R$ 5.
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