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‘Morte de agente funerário nada tem a ver com Celso’
Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
22/02/2006 | 08:29
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A Polícia Civil revelou que o assassinato do agente funerário que recolheu o corpo de Celso Daniel não tem ligação com a morte do prefeito de Santo André seqüestrado e assassinado com oito tiros em janeiro de 2002. De acordo com o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa), Iram Moraes Redua, morto em dezembro de 2003, foi vítima de uma disputa comercial entre funerárias que atuam nos municípios de Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra. “Nada tem a ver com o crime que vitimou Celso Daniel”, garantiu o delegado, responsável pelo primeiro inquérito sobre a morte do prefeito e que concluiu se tratar de um crime comum.

Pelo assassinato do agente funerário, o delegado denunciou à Justiça Alexandre Almeida Moraes como executor dos disparos e Fabio Hervelha Schunck como mandante do crime. As investigações da polícia concluíram que Redua tentou furar o monopólio da empresa de Schunck, “que domina, por meios ilícitos, através de propina, os serviços funerários da zona Sul da Capital e das cidades vizinhas”. Segundo o delegado Costa Filho, as provas levantadas para a elucidação do assassinato servirão também para a abertura de um novo processo sobre a corrupção nesse tipo de negócio naquela região.

O delegado vê na conclusão desse caso, “mais uma confirmação do que o DHPP sempre disse de que não há relação dessa e de outras mortes com o caso Celso Daniel”. Depois do seqüestro e assassinato do prefeito, sete outros crimes foram relacionados pelo Ministério Público como suspeitos de manter alguma ligação, possivelmente queima de arquivo. A última das mortes ocorreu em outubro passado, quando o legista Carlos Delmonte Pries foi encontrado morto em seu escritório, na capital. Ele preparava um laudo com a hipótese de Celso Daniel ter sido torturado no cativeiro, o que reforçaria a idéia de que o prefeito teria sido forçado a entregar informações.

Segundo Costa Filho, a maior parte dessas mortes já foi esclarecida e, em todas, as condições em que ocorreram descartam a hipótese de ligação com o seqüestro de Daniel (veja no quadro a opinião do delegado para cada caso). “No caso do Iram (Redua), foi propalado pelos sete cantos de que se tratava de uma queima de arquivo, quando na verdade era a disputa de um monopólio comercial”, conta o delegado.

Redua foi morto no centro de Santo Amaro, zona Sul de São Paulo, quando colocava compras dentro do carro. O assassino (Moraes), segundo a polícia, foi reconhecido por uma testemunha do crime como sendo um funcionário de Schunck. A denúncia do DHPP, após dois anos de investigação, conclui que a vítima tentou trabalhar na região dominada pelo acusado de ser mandante do crime, provocando sua ira. Os dois acusados tiveram prisão preventiva decretada, sendo que Moraes já está preso e Schunck, foragido.

Os promotores de Santo André que acompanham o caso informaram que a conclusão da polícia sobre a morte do agente funerário não muda a convicção deles sobre o outro crime, envolvendo o prefeito. Para eles, Celso Daniel foi morto por motivação política.

O que diz o delegado sobre as mortes

Dionísio de Aquino Severo - (morto em abril de 2002)
Acusado de ter ligações com a quadrilha da Favela Pantanal, acusada de ter seqüestrado e assassinado Celso Daniel. Foi morto no presídio de Guarulhos.

Delegado: “Disputa entre facções criminosas. Morte teria sido decidida por Cesar Augusto da Silva, o Cesinha do PCC.”

Manoel Sérgio Estevam - (morto em setembro de 2002)
Teria abrigado Dionízio de Aquino Severo em seu apartamento após o seqüestro e assassinato de Celso Daniel. Foi morto a tiros.

Delegado: “Embora ainda sem solução, crime tem características típicas de execução entre criminosos.”

Antônio Palácio de Oliveira - (morto em fevereiro de 2003)
Garçom que teria servido Celso Daniel no restaurante Rubayat horas antes do seqüestro. Foi perseguido e morto por dois homens que forçaram sua queda da moto.

Delegado: “Não tem características de execução e sim de roubo. Crime sem solução”, mas a polícia tem pistas para resolver.”

Paulo Henrique Brito - (morto em fevereiro de 2003)
Declarou à polícia ter testemunhado o assassinato de Antônio Palácio de Oliveira. Foi morto com um tiro nas costas por dois adolescentes.

Delegado: “Era monitor da Febem e tinha ficha policial. Ainda sem solução.”

Otávio Mercier - (morto em julho de 2003)
Investigador da Polícia Civil teria recebido telefonema de Dionízio de Aquino Severo dois dias antes do seqüestro de Celso Daniel. Foi morto ao perseguir dois homens que teriam roubado sua casa.

Delegado: “Se fosse uma execução, teriam matado o policial enquanto o mantinham amarrado durante o roubo.”

Iran Moraes Redua - (morto em dezembro de 2003)
Agente funerário que identificou o corpo de Celso Daniel na estrada de terra em Juquitiba. Foi assassinado com dois tiros.

Delegado: “Crime resolvido. Alexandre de Almeida Moraes foi o executor, está preso, e Fabio Schunck, o mandante está foragido. Disputa entre funerárias.”

Carlos Delmonte Pries - (morto em outubro de 2005)
Legista fez a necrópsia no corpo de Celso Daniel. Foi encontrado morto em seu escritório.

Delegado: “Caso típico de suicídio. Deixou duas cartas.”




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