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Mazzaropi: o astro do povo

Comediante completaria 100 anos amanhã, marcado
por seu estilo simples, mas extremamente profissional

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
08/04/2012 | 07:00
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Arquivo/AE


Um dos capítulos mais queridos da sétima arte brasileira tem como estrela Amácio Mazzaropi (1912-1981), que completaria amanhã 100 anos. Com estilo simples, mas extremamente profissional, o lendário ator marcou época com comédias de humor tipicamente caipira, populares o bastante para terem levado milhões de espectadores às salas.

Natural da cidade de São Paulo (e não de Taubaté, como muitos acreditam), o comediante iniciou sua vida em frente às telonas na década de 1950, quando fez parte do elenco do filme "Sai da Frente" (1952), com direção de Abílio Pereira de Almeida e filmado nos estúdios da Companhia Vera Cruz, em São Bernardo - que hoje está longe da importância do passado.

O sucesso fez com que anos mais tarde buscasse ter total controle sobre suas produções ao abrir a produtora PAM Filmes, com a qual deu origem a sucessos como "Chofer de Praça" (1958) e o icônico "Jeca Tatu" (1959), que marca o nascimento do eterno personagem do escritor Monteiro Lobato nos cinemas em interpretação do ator.

Mazzaropi morreu aos 69 anos, em 14 de junho de 1981, vítima de câncer na medula. Ele se preparava para filmar seu 35º projeto.

HISTÓRIA - Se atualmente suas produções podem soar um tanto quanto sem graça, o legado do emblemático cineasta precisa ser analisado de maneira específica. "Ele foi um fenômeno, mas é preciso que o entenda em sua própria época", diz Máximo Barro, que trabalhou para ele como montador em filmes como "As Aventuras de Pedro Malazartes" (1959) e "O Corintiano" (1966). "Maza foi o único cineasta brasileiro naqueles tempos que fazia a aproximação do povo e da tela. Era um diretor que fazia filmes para toda a família, o que era bom para o público e para a venda dos ingressos."

Barro recorda da presença de Mazzaropi nas filmagens e cita algumas características específicas do humorista, como o fato de não gostar de ensaiar e de fazer questão de sempre trabalhar com os melhores equipamentos e profissionais do cinema. "Tudo o que fazia poderia ser exibido em qualquer sala do mundo", afirma.

Outro que também recorda com carinho do saudoso caipira é o bailarino Ruslan Gawriljuk, de Santo André. Ele foi o responsável pelas coreografias vistas em de "O Jeca e Seu Filho Preto" (1978) e "A Banda das Velhas Virgens" (1979) e ainda guarda alguma cenas em arquivo super 8 em casa. "Existia um ambiente bem familiar nos sets, o que nos deixava muito à vontade. O Mazzaropi gostava muito de artes e não poupava esforços para gravar as danças", ressalta. "Reparei que ele não usava muitos artistas famosos nos filmes e apostava em um pessoal desconhecido e até bem jovem."

Parte de sua obra já foi remasterizada pela Cinemateca Brasileira, de São Paulo, e muitos de seus filmes estão disponíveis em DVD desde a última década. Para Paulo Duarte, autor do livro "Mazzaropi - Uma Antologia do Riso", o público ainda busca descobrir quem foi Mazzaropi. "Após sua morte, acho que ele acabou se transformando em uma espécie de grife. Muitas vezes as pessoas não querem saber quem é o Jeca, mas procuram conhecer o Mazzaropi como um todo."

O jeito único e a facilidade para satirizar tipos sociais brasileiros fazem do maior dos Jecas um astro do povo.




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