Economia Titulo Indústria automotiva
Produção de veículos é a melhor desde 2015

No 1º trimestre, houve aumento de 14,6%, com 699.657 unidades; pesados seguem em alta

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
06/04/2018 | 07:24
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O primeiro trimestre de 2018 teve resultado positivo para a indústria automobilística, com a produção de 699.657 veículos, número 14,6% maior do que nos três primeiros meses do ano passado e o melhor resultado para o período desde 2015. O balanço foi divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

O mês de março registrou a fabricação de 267.460 unidades, alta de 25,3% ante fevereiro (213.480) e 13,5% superior a março de 2017 (235.557). “Os dados mostram que as previsões começam a se concretizar, e a situação do País como um todo começa a melhorar. É um setor que tem uma longa cadeia, um fator multiplicador muito grande. O consumidor tem cada vez mais vontade de comprar carro zero-quilômetro, associado à taxa de juros mais baixa, retomada de financiamento e geração de empregos. É o que mostram os resultados”, disse o presidente da Anfavea, Antonio Carlos Megale.

O destaque, no entanto, mais uma vez ficou por conta dos pesados. A produção de caminhões cresceu 55,1% no trimestre (24.427) e, a de ônibus, 67,4% (6.886) em relação a igual período do ano passado. Mudanças nas condições de financiamento desde o início do ano, como zero de entrada e parcelamento em 60 vezes, podem ter influenciado na maior demanda no mercado interno. “O aumento (da venda) de caminhões também sinaliza o crescimento da economia. Porém, o País precisa de melhor infraestrutura logística para avançar nesta questão”, disse o vice-presidente da entidade, Luiz Carlos Gomes.

O estoque total do setor automotivo também diminuiu de 41 dias em fevereiro para 34 em março. A previsão é de que o segmento cresça em 13,2% neste ano. “A gente lembra que há três ou quatro anos a gente tinha mercado de 3,8 milhões de veículos e, em 2018, nossa previsão é de fechar com 2,5 milhões, número muito aquém dos melhores anos. Há necessidade da renovação da frota, já que, à medida em que os carros ficam um pouco mais velhos, essa demanda é ampliada”, avaliou Megale.

ROTA 2030 - Questionado sobre o programa do governo federal voltado à expansão do setor automotivo, o Rota 2030 – que tem expectativa de definição em reunião no dia 12 em Brasília –, o presidente da associação se demonstrou favorável à proposta de transição. Dessa forma, o incentivo fiscal (no valor de até R$ 1,5 bilhão) para montadoras que investirem em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) poderia ser obtido pela dedução em qualquer imposto federal no período de três anos. E, passado o período, as fabricantes seriam incluídas na Lei do Bem, criada em 2005, pela qual a dedução só pode ser feita em dois impostos: IR (Imposto de Renda) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

“É bastante positivo. Porque o modelo destes créditos é similar ao do Inovar-Auto (projeto de incentivos do governo anterior que vigorou até dezembro), que funcionou muito bem. A gente sabe que é um momento importante para as empresas se utilizarem disso. E, mais à frente, com a Lei do Bem, que pode ser até um pouco aperfeiçoada para contemplar esta situação”, disse. A opinião de Megale diverge da de atores do setor ouvidos pelo Diário, que avaliam essa proposta como ineficaz.

Um dos pontos negativos citados é que a legislação prevê que as empresas tenham lucro. Além disso, elas precisam apresentar certidão negativa de débitos e adequação aos critérios do P&D. “Não vejo nenhuma dificuldade. O que vemos é que os resultados, ainda com o mercado em baixa, não estão muito expressivos. Então, muitas das empresas têm resultados negativos. Temos certeza de quando o mercado melhorar esta situação vai se reverter”, comentou.

Questionada sobre a reunião do dia 12, a Casa Civil reiterou que o tema ainda está em análise, sem previsão de data para conclusão ou confirmação de agenda.
 




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