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O reencontro além das redes

Grupo no Facebook motiva resgate de memórias e reunião de ex-estudantes andreenses em festa

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
04/03/2018 | 07:30
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Arquivo pessoal


 Qual era a sua merenda favorita? Quem foi o professor que marcou a sua trajetória? Os dois questionamentos estão entre as diversas publicações feitas por ex-alunos da EE Professor Ovídio Pires de Campos, localizada no bairro Cidade São Jorge, em Santo André, em página que reúne 3.590 integrantes – todos com passagem pela unidade de ensino –, no Facebook. Criado em 2013 para proporcionar aos participantes o compartilhamento de lembranças e o reencontro entre amigos, o perfil na rede social cumpriu seu papel e, no dia 24, trouxe para o ‘mundo real’ os diálogos até então virtuais.

Tendo em vista o perfil da maior parte dos integrantes, reedição de ‘bailinho de garagem’ – como eram chamadas as festas promovidas pelos adolescentes da década de 1980 – foi a forma encontrada para promover reencontro da ‘galera das antigas’, com direito a DJ e músicas da época e, é claro, ‘passinhos’ de dança. “É gratificante ver a empolgação de todos em postar lembranças da escola. Criei evento como ponto de encontro dos ex-alunos e isso repercutiu no grupo de forma que nem esperava”, confessa a criadora da página, a fotógrafa e assistente administrativa financeira Niceia Lira, 30 anos.

E a festa não reuniu apenas ex-estudantes, mas também funcionários e professores que tiveram passagem pela unidade de ensino. “Trata-se de resgate de memórias de pessoas que passaram boa parte de suas vidas nesta escola. Tenho muitos amigos que conheci no Ovídio e que hoje fazem parte da minha vida profissional e pessoal. Inclusive minha esposa”, revela o professor de Português e ex-aluno da EE Ovídio Pires de Campos, Enildo dos Santos, 53.

Um dos integrantes mais empolgados do grupo, o aposentado na área de Logística Nivaldo Rodrigues dos Anjos, 58, ficou ansioso pelo evento. Ele se recorda com detalhes dos acontecimentos entre os anos de 1971 e 1978, quando estudou na unidade de ensino. “Na 8ª série (9º ano do Ensino Fundamental) era um dos coordenadores da comissão de formatura. Organizamos diversos passeios para cidades históricas de São Paulo e do Sul de Minas Gerais.”

Até mesmo docente considerado ‘carrasco’ em sala de aula teve seu espaço no grupo. “Quem se recorda daquele professor que batia com a régua de madeira na mesa e falava ‘a cobra vai fumar’”?, questiona participante. Sebastião Ferreira é o nome dele, responde outra integrante. Após meses de busca pelo respeitado mestre, vídeo com mensagem emocionante surge. “Peço perdão pelas minhas falhas. Fiz meu papel de professor. Queria ensiná-los”, justifica o docente, para delírio dos ex-alunos. A postagem recebeu 384 comentários

 

Ex-alunos retomam amizades antigas

 

Faz apenas um mês que a ajudante de cozinha Sandra de Carvalho, 50 anos, descobriu o grupo de ex-alunos da EE Professor Ovídio Pires de Campos, onde estudou por sete anos – entre 1978 e 1982 –, tempo suficiente para que ficasse sabendo da reunião da galera, no ‘bailinho de garagem’. “Reencontrei minha melhor amiga, com quem estudei no 1º ano (do Ensino Fundamental), além de outras pessoas sobre as quais não tinha notícias há bastante tempo. Me deixou muito emocionada lembrar de momentos felizes da minha vida”, revela.

<EM>Para o vendedor Marcos Daniel Silva, o Tio Kinho, 36 anos, que estudou na unidade de ensino entre 1987 e 1998, o compartilhamento de lembranças entre os participantes da rede social tem sido interessante. “Encontrei uma amiga que atualmente mora no Litoral e por coincidência profere a mesma fé que eu”, observa o hoje morador do Jardim Santo André. Para manter contato mais próximo com os ex-alunos que reencontrou, ele criou outro grupo, no WhatsApp. “Uma (colega) está em Varginha (Minas Gerais), outra em Alagoas. Fora os que continuam em Santo André, mas que não tínhamos mais contato”, conta.

Tal qual muitos dos integrantes do grupo no Facebook, Tio Kinho diz ter “carinho especial” pela comunidade escolar. “Toda a minha família estudou lá. O Ovídio marcou nossa vida. Tem sido muito legal relembrar momentos”, comemora.

 

Casal se conheceu na escola há 22 anos

 

A família da professora de Biologia e artesã Tania Gomes Nunis, 34 anos, teve início na EE Professor Ovídio Pires de Campos, onde ela conheceu o marido, o autônomo Samuel Pereira Nunis, 38, há 22 anos. Casados desde 2009, os dois confessam passar horas em frente ao computador, na tarefa de reconhecer colegas do tempo de escola ao observar fotografias – novas e antigas. “O grupo foi uma das coisas mais legais que vi no Facebook desde que entrei na rede social”, considera ela.

E a diversão do casal também é compartilhada com as filhas e parentes mais próximos. “Minha filha mais velha fica perguntando sobre histórias da época, dos nossos amigos. Nossos irmãos – os dela e os de Samuel – também estudaram lá. Minha mãe trabalhou na escola durante alguns anos. São muitas histórias que acompanham as nossas famílias”, destaca.

Moradores do bairro Cidade São Jorge até hoje, eles marcaram presença no ‘bailinho de garagem’. Tania, inclusive, colaborou com a festa, ao produzir, em seu ateliê – Paece –, brindes exclusivos que foram sorteados entre os participantes.

Ter notícias de colegas depois de anos é um dos pontos mais gratificantes do grupo, na avaliação de Tania. “Samuel e eu reencontramos amigos que não tínhamos mais notícias. Reencontrei pessoas que estudaram comigo na pré-escola (quando tinha entre 4 e 5 anos)”, lembra.




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