Setecidades Titulo Na divisa entre duas cidades
Omissão do poder público dificulta solução para a Chácara Baronesa

Sem remoções determinadas pela Justiça, ocupação irregular se expande

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
15/02/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 A morosidade do poder público em remover famílias que ocupam, de forma irregular, área integrada ao Parque Estadual Chácara Baronesa, na divisa de Santo André e São Bernardo, desde a década de 1990 – conforme determinação da Justiça –, só faz piorar o problema habitacional. Isso porque a quantidade de moradores alojados no espaço, de forma precária, só aumenta.

Em 2014, segundo dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, cerca de 300 famílias estavam na área, número que subiu para 600 no último mapeamento oficial, feito em janeiro do ano passado. No entanto, conforme relatos dos próprios moradores, a quantidade também já foi superada, principalmente em razão da crise econômica instalada no País. “Nesta semana mesmo vi gente carregando material de construção. Chega mudança sempre”, fala uma moradora de área próxima, que prefere não se identificar.

Em visita ao local ontem, a equipe do Diário observou estruturas recém-montadas. O ajudante geral desempregado John Ferreira de Souza, 31 anos, revela que cedeu ao primo espaço ao lado de sua moradia, para que o parente pudesse erguer barraco. “Ele veio de Marília (Interior do Estado) depois que perdeu o emprego. Vai morar ele e o filho”, destaca o morador do local há três anos. Ele vive em um cômodo com a mulher e a filha de 4 meses.

Morar na área é viver na base do improviso. Precária ponte de madeira foi construída sobre o Córrego Taióca para acesso dos ocupantes. Sem lixeiras e caçambas próximas, os resíduos são descartados e acumulados em barranco. Parte do volume cai no corpo d’água, já poluído. Soma-se ainda o medo diário de desbarrancamentos e queda de árvores que cercam o local, toda vez que chove. “Aqui é muito perigoso. Não fizeram nada quando tinham poucas famílias. Agora que cresceu vai ficando mais difícil”, fala a aposentada Neide Souza, 59.

Na questão de produção habitacional para encaminhamento dessas famílias, as prefeituras esperam apoio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O órgão, no entanto, ressalta que “aguarda as indicações de terrenos das prefeituras de São Bernardo e Santo André” e que, a partir disso, “realizará estudos de viabilidade”.

A Prefeitura de Santo André informa que “a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária está trabalhando para evitar novas invasões no entorno da área”. A administração de São Bernardo diz que “segue em conversa sobre o tema e aguarda posição do Estado”. Já a Secretaria Estadual do Meio Ambiente não retornou até o fechamento desta edição.




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