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Vigilantes são acusados de torturar adolescentes de Mauá
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
22/08/2009 | 08:28
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Quatro vigilantes terceirizados da unidade de uma cervejaria na Mooca são acusados de torturar três adolescentes de Mauá - um de 15 e dois de 16 anos -, no pátio da empresa, como castigo pelo fato de eles terem pichado o muro da companhia.

Segundo relato dos menores, o inferno começou quando, após cometerem o ato infracional, voltavam para casa pela estação Mooca da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Conforme boletim de ocorrência registrado no 8º DP da Capital, no bairro Belenzinho, os adolescentes foram retirados da estação, quando passavam pela catraca, pelos vigias terceirizados que teriam corrido atrás deles e apontado armas aos três.

Os funcionários da empresa de segurança Gocil levaram os meninos de Mauá para o pátio da empresa e cometeram, ainda segundo depoimento dos adolescentes, uma série de barbaridades. Eles ordenaram que os pichadores tirassem a roupa e ficassem apenas de cueca e, logo depois, usaram três latas de spray para pichar os corpos dos menores. Os jovens também foram agredidos com socos na cabeça, na costela e receberam chutes. A tortura ocorreu no fim da noite do sábado passado.

PASTOR ALEMÃO - Ainda conforme contam os adolescentes, o pior estava por vir: os vigilantes disseram que eles teriam 5 segundos para pegar as roupas, correr em direção ao muro, de cerca de 3 metros, que dá acesso aos trilhos do trem, e que, logo depois, soltariam o cachorro pastor alemão na direção deles. Desesperados, saíram correndo - chegaram até a largar no local roupas, tênis e documentos - e tentaram pular o muro, que tinha arame farpado. Um deles foi mordido na perna pelo cão e outro teve a bermuda rasgada.

Enquanto corriam, disseram que teriam ouvido cinco tiros. Nos trilhos, os menores correram em direção à estação Brás da CPTM quando voltaram a correr risco de morte já que, aos sábados, os trens circulam até 1h da madrugada. Vários vagões passaram ao lado deles.

Os agentes ferroviários socorreram os menores, chamaram os familiares e os levaram para o distrito. A polícia abriu inquérito para apurar o fato.

A CPTM informou que os rapazes relataram que estavam pichando uma fábrica nas proximidades da estação Mooca e foram flagrados pelos vigilantes, que os agrediram e que "imediatamente disponibilizou uma viatura da segurança".

A companhia de cerveja disse que "cobrou todas as providências e apuração dos fatos o mais rápido possível da empresa terceirizada, e que não compactua com qualquer tipo de agressão."

Procurada por volta das 17h30 de ontem, a Gocil disse que não haveria ninguém para esclarecer o fato por conta do horário.




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