Um grupo de 24 jovens com suas camisas listradas, tatuagens a mostra, bermudas e bonés e dread looks na cabeça preparam seus computadores. Não para jogar games ou entrar na internet, mas sim para dar início aos ensaios da primeira Orquestra de Lap Tops de Santo André. Eles se reunem nos fins de semana na Sabina - além de terem encontros durante a semana - para trazerem à música eletrônica uma nova possibilidade.
Munidos de seus computadores portáteis, buscam trabalhar com sons típicos de instrumentos tradicionais. "A ideia é pegar esses instrumentos de música erudita e transforma-los esteticamente em artifícios de música eletrônica por meio dos lap tops", explica Pablo Waldman, diretor da Orquestra.
Há um ano, o gaúcho trabalha com com seus músicos, todos estudantes acadêmicos de música eletrônica. Um dos intuitos do projeto é criar opções para as composições do gênero que são populares em festas. "Tínhamos o interesse em comum que não era a música eletrônica convencional que se ouve nas pistas de danças. Queríamos desenvolver algo nessa linha de área eletrônica que tivesse um diferencial. O mercado desse tipo de arte já está muito saturado."
Nas reuniões, os jovens utilizam sintetizadores especiais para dar nova cara para sons de pianos, violinos e clarinetes, entre outros itens comuns ao termo ‘orquestra'. Trabalham em duas vertentes: ou os músicos são separados por instrumentos ou agem de acordo com regiões sonoras (como agudos e graves), nas quais fazem ações em meio a diferentes linhas de frequência da música.
A Orquestra de Lap Tops ensaia para duas apresentações na própria Sabina marcadas para o final do mês de junho, mas ainda sem datas definidas. Haverão dois ensaios abertos ao público nos dias 17 e 24 de abril para quem quiser acompanhar o processo das composições de perto.
O grupo irá apresentar uma interpretação da sinfonia nº 9 do compositor tcheco Antonín Dvorák (1841-1904), mais conhecida como Sinfonia do Novo Mundo. Outro movimento é denominado Vitruvius, que trabalha com a releitura do famoso desenho O Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci (1452-1519). Nesse caso, eles transformam a escala de centímetros presente no desenho em uma escala de tempo musical. Finalizando, há o movimento ligado a Teoria do Caos, onde entra a interatividade com o público baseada na técnica da tecnofagia (uma espécie de conversação de máquinas sem qualquer tipo de software e que casa imagens com sons).
Tudo pode parecer muito confuso e complicado de se entender, mas a vontade dos artistas multimídia é fazer com que sua paixão pela música - e pela tecnologia - se converta em um grande espetáculo. "Queremos seguir uma linha parecida com a utilizada com o Blue Man Group, que seja um grande espetáculo de música, imagem e som. Um pout-pourri de arte", diz Waldman. Com computadores em mãos, tudo é possível.
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