Essa foi uma longa noite para Maria Aparecida, mulher de João Carlos da Silva, o principal organizador da Festa da Folia de Reis do Baeta Neves, em São Bernardo. Ela e mais algumas voluntárias foram incumbidas de cozinhar e desfiar aproximadamente 400 quilos de carne, que serão o recheio de parte de cerca de 2.000 pães franceses doados pela comunidade. "Ontem (quinta-feira), ficamos até as 3h cozinhando e hoje (ontem) de manhã minha cunhada começou de novo, às 7h." Mais de 60 quilos de salsicha vão rechear a outra parte dos paezinhos, que serão servidos gratuitamente na festa.

Toda a comida foi doada por moradores e comerciantes do Baeta Neves. Outros bairros, ao saberem da iniciativa, também quiseram colaborar. "Hoje (ontem) de manhã, recebi um telefonema dizendo que o pessoal da feira do Rudge Ramos também queria participar", disse João Carlos, satisfeito. "Tinha quase 25 quilos de tempero. Tive que ir e voltar de carro várias vezes para transportar tudo."

Todos os anos, no último fim de semana do ano antes do Natal, comemora-se o aniversário da Folia de Reis do Baeta Neves. Essa data foi instituída simbolicamente para que fosse possível realizar a comemoração. A intenção de João Carlos era que, com a festa, a manifestação folclórica fosse mais divulgada e, com isso, despertasse mais a atenção das pessoas. "Nós percebemos que muita gente, inclusive daqui do bairro, não sabia do que se tratava - até o dia que realizamos a primeira festa, em 2008."

A Prefeitura incluiu a festa no calendário da cidade e, para o evento de hoje, o aniversário de 61 anos da folia, ofereceu banheiros químicos, 200 cadeiras, o palco e apoio da ambulância e da GCM (Guarda Civil Municipal).

O palco ficará na esquina da Rua Liberdade com a Rua Campos do Jordão, por isso esta última estará interditada para disposição das 200 cadeiras. São 60 voluntários envolvidos diretamente na preparação da festa, que deve reunir 2.000 pessoas, e terá apresentação de atrações musicais e dos integrantes das Folias de Reis do Baeta e de Divinéia.

Filho de mineiro e devoto desde os 8 anos, João Carlos fala com emoção da folia. "Assim como eu, meus filhos crescem em contato com isso. Tudo que é de cultura e folclore deve ser valorizado."