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Especialistas alertam para o aumento de Aids entre os jovens

No geral, dados mostram que Grande ABC teve queda de 38,54% entre 2006 e 2016

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
01/12/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 O Grande ABC registrou queda de 38,54% em novos casos de Aids em uma década. Em 2006, as sete cidades contaram 493 notificações da doença, enquanto no ano passado foram contabilizadas 303, segundo dados do Painel de Indicadores Epidemiológicos do Ministério da Saúde (veja na arte os números por município). No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado hoje, especialistas ressaltam que, na visão global, houve diminuição, no entanto, ocorrências cada vez mais constantes entre o público jovem – na faixa dos 19 aos 30 anos - têm preocupado. Assim como em idosos, pois com a disponibilidade de medicamentos, muitos retomam as atividades sexuais, mas não fazem o uso de preservativo.

“Toda semana temos casos novos, e a população mais frequente tem sido os jovens. O grande fator é o não uso de preservativo, apesar de se falar muito sobre sua importância”, explica a infectologista da Policlínica Centro, de São Bernardo, Riana Rodrigues Emilio Lopes. Na cidade, por exemplo, no levantamento de casos entre 15 e 24 anos (faixa etária disponível no Painel de Indicadores), até junho de 2017, foram registradas 12 ocorrências, número maior do que em todo o ano passado, com oito diagnósticos.

Os médicos lembram que a juventude desconhece o impacto avassalador da Aids, quando epidemia foi iniciada na década de 1980. “No passado, era sinônimo de morte. Hoje, todos sabem que o tratamento é muito bom e o paciente mantém vida razoável, o que tornou a doença menos tenebrosa”, avalia o infectologista do Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, em Santo André, Munir Akar Ayub.

Riana compartilha do ponto de vista do colega. “A maioria dos pacientes morria, mas hoje tem controle, de modo que o jovem não tem noção do que é todo esse tratamento, como tomar medicação para o resto da vida, com efeitos colaterais e limitação de algumas atividades”, diz a médica.

Há 21 anos convivendo com o vírus, contraído por meio de relação sexual, Vânia (nome fictício), 66, de São Bernardo, sabe bem o transtorno que tudo isso causa. “A adaptação do remédio é horrível, cheguei a tomar 40 comprimidos por dia, entre os anti-retrovirais e as outras coisas que vão aparecendo em consequência”, conta. “Aí, de repente começou a lipodistrofia (alteração na distribuição de gordura do organismo). Eu era cheinha e, de repente, vi meus braços e pernas ficando secos, o abdômen inflando e o rosto perdendo totalmente a maçã.”

A aposentada Ruth (também nome fictício), 54, de Mauá, descobriu ser portadora da doença em 1996. “Estava em uma relação de sete anos, o meu parceiro usava drogas e eu nem imaginava que existia HIV”, relata. “Tive duas recaídas, fiquei internada e passei por fases muito difíceis para o organismo aceitar o remédio. O que passei não quero que ninguém passe. É precjso alertar, principalmente os jovens, a usarem preservativo”, completa.

Akar Ayub salienta que, apesar da evolução do tratamento, a Aids “não é doença simples, e muita gente ainda morre”. Em 2016, 123 pessoas morreram na região em decorrência da doença, segundo o Painel de Indicadores Epidemiológicos.

 

Em São Bernardo, academia auxilia no combate aos efeitos da doença

 

Academia que funciona na Policlínica Centro, em São Bernardo, atende 60 pacientes com HIV e hepatites. O equipamento está em atividade desde agosto de 2010.

“O objetivo do exercício é evitar o acúmulo da gordura na região abdominal, porque tem o risco cardiovascular, que já é aumentado nos soropositivos; nos pacientes que têm a perda de gordura nos braços, pernas e nádegas, o objetivo é hipertrofiar o músculo para compensar a perda dessa gordura, e naqueles que tiveram acúmulo de gordura ou que estão com sobrepeso, é diminuir para tentar controlar os efeitos da lipodistrofia no corpo”, explica a coordenadora do ambulatório de lipodistrofia Karina Viviani de Oliveira Pessoa. Desde a criação, a academia atendeu em torno de 300 pacientes.

TESTES

A rede pública de Saúde da região realiza testes rápidos para a identificação das infecções sexualmente transmissíveis. De janeiro a outubro, em cinco das sete cidades (exceto Diadema e Rio Grande da Serra, que não retornaram), foram feitos 52.355 testes, dos quais 803 reagentes para o HIV, causador da Aids. Muitos soropositivos, no entanto, podem viver anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença.




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