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Palavrão na escola vira caso de polícia
Renata Gonçalez e Roberta Nomura
Do Diário do Grande ABC
31/03/2005 | 15:02
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Uma professora do período matutino da 3ª série da Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Darcy Ribeiro, de Santo André, é acusada de causar constrangimento aos alunos ao proferir palavrões dentro da escola. Pais de crianças contam que o incidente ocorreu quando a professora dava uma bronca dirigida a um grupo de meninos que insinuavam entre si que um deles havia tido contato sexual com outro dentro da piscina do Cesa (Centro Educacional de Santo André) Parque Novo Oratório, que é anexo à Emeief. A professora teria reunido os alunos e dito: “Menino que come o c... do outro é veado”.

A atitude atribuída pela crianças à professora causou indignação entre os pais. O funcionário público Adilson Gonçalves de Sousa Cardoso, 37 anos, é pai de um aluno de 8 anos que estuda com os garotos ofendidos e que relatou o incidente em casa. “A professora deveria ter chamado a atenção dos meninos separadamente, e não na frente de todas as crianças”, disse.

O episódio ocorreu há 15 dias, mas segundo Adilson a direção da escola até agora não tomou nenhuma providência. A suposta omissão levou o pai do aluno a registrar um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Santo André contra a professora. A delegada que elaborou a ocorrência, Vera Lúcia Pereira Araújo, qualificou o caso como “injúria”.

Adilson protocolou reclamações junto à Prefeitura. “Não quero tirar meu filho da escola, porque é muito boa. Também não tenho do que reclamar da diretoria. Mas algo tem de ser feito”.

Mãe de uma aluna da 2ª série, a dona-de-casa Marli Donato, 45 anos, é integrante do Conselho de Pais da escola. Ela contou que terça-feira à tarde foi realizada uma reunião dos pais com a professora, e que a mesma confessou a acusação dos alunos. “Ela chorou muito, mas o que fez não é certo”. O Diário tentou ouvir direção da escola e a professora, mas foi orientado a procurar a Secretaria de Educação.

Por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura, a secretaria informou ter aberto um inquérito administrativo para apurar o que houve na Emeief. Qualquer providência só será tomada depois que todos os envolvidos forem ouvidos pelo Departamento.

O boletim de ocorrência será encaminhado para o 1º Conselho Tutelar de Santo André. “Assim que a denúncia chegar aqui, vamos cobrar providências da Secretaria da Educação. Trata-de uma situação que expõe a criança a constrangimentos e à violência psicológica. O afastamento da professora é uma possibilidade”, diz o conselheiro Marcelo Augusto de Oliveira. “A versão da professora tem de ser ouvida. Uma vez comprovada a denúncia e, se mesmo assim o município não fizer nada, o caso pode ser encaminhado para o Ministério Público.”

Diálogo – Na avaliação da psicopedagoga Rosana Vieira, orientadora educacional do Colégio Singular Junior, de Santo André, a melhor saída para um educador que se depara com situações como a ocorrida na Emeief Darcy Ribeiro é dialogar com os alunos. De preferência com todo o grupo, em clima de bate-papo.

“Quando uma criança dessa idade fala palavrões ou qualquer frase maliciosa, dificilmente sabe o que está falando”, afirma. “O que ela conhece bem é o efeito que a provocação irá causar.” Dependendo do contexto, a psicopedagoga acredita que vale até esclarecer a criança sobre o que ela está falando. “O importante é que ela entenda que dentro da escola existem regras”, enfatiza. “A criança nem sempre é mal-educada, mas sim mal-esclarecida.”



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