Dawerson, interpretado por Carlos Moreno, e Laura Liz, vivida pela própria Cristina, sao dois conferencistas que mostram ao público um acervo inédito (fictício) produzido por artistas renomados, como Picasso, Van Gogh, Degas e Duchamp.

Dawerson e Laura Liz interpretam de maneira bem particular as obras que atribuem aos mestres. Sustentam exótica teoria, segundo a qual os trabalhos foram inspirados na realidade brasileira, e tentam provar isso à platéia.

De acordo com os personagens, Picasso iniciou sua fase erótica depois de conhecer a Amazônia; Van Gogh foi a Canudos a convite de Euclides da Cunha; Degas esculpiu Garrincha e Duchamp reproduziu piloes de fazendas nordestinas. Puro non sense.

A peça, dirigida por Elias Andreato, pretende provar que a arte prescinde de elucubraçoes profundas para ser entendida. Brinca também com a psicologia, ao tecer uma descontraída análise das teorias freudiana e junguiana.

Arte Oculta nao deixa de ser, também, uma revanche contra quem se investe do poder de julgar obras de arte - seja cinema, música, teatro ou qualquer outra - sem conhecimento de causa. O texto é inspirado no livro O Tudo e o Nada nas Artes Plásticas, da artista belga Pina Shults.

Próximas atraçoes - Depois de Arte Oculta, o Teatro 3 x 4 do Sesc Sao Caetano pára por duas semanas. A Ultima Gravaçao de Krapp retoma o projeto em 17 de outubro. Antonio Petrin interpreta Krapp, um escritor que tenta reconstruir suas memórias no dia de seu 69º aniversário.

A peça, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), rendeu ao diretor Francisco Medeiros indicaçao para o prêmio Shell deste ano. Beckett recebeu o Nobel de literatura em 1969.

Memórias Póstumas de Brás Cubas, com Cássio Scapin, é a atraçao de 31 de outubro. Regina Galdino assina a adaptaçao do livro de Machado de Assis. O projeto Teatro 3 x 4 privilegia espetáculos intimistas, que estabelecem uma relaçao mais próxima entre o ator e o espectador.

A iniciativa do Sesc Sao Caetano visa também fugir da dinâmica da produçao teatral atual, que mantém o público concentrado nos espetáculos estrelados por atores que já têm grande penetraçao na mídia e relega montagens voltadas à pesquisa de linguagem.