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Vício em sexo faz pacientes perderem até o emprego
Evandro de Marco
Do Diário do Grande ABC
08/02/2010 | 07:33
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A compulsão por sexo é doença e esbarra no preconceito e no machismo para ser detectada e tratada. O vício causa constrangimento e, quem sofre deste mal, tem a vida totalmente afetada pela sua falta de controle. Muitas pessoas chegam a perder o emprego devido ao problema. Relatos de pacientes nos consultórios de especialistas demonstram o drama de quem não consegue evitar a necessidade de manter relações sexuais ou de se masturbar.

Esse é o caso de uma contadora de 32 anos, moradora de São Bernardo. A falta de controle sobre sexo a colocou em situação constrangedora e custou o emprego. "Fui ao banheiro saciar a minha vontade. Chamaram meu chefe que arrombou a porta e me flagrou. Fui demitida", afirma.

A psicóloga e terapeuta sexual Arlete Girelo Gravanic afirma que o problema está relacionado à baixa autoestima e à ansiedade. "A pessoa busca no sexo a satisfação causada pela liberação de endorfina. Depois disso, se acalma. Há também a possibilidade de estar relacionada com o nível hormonal do indivíduo" diz Arlete que é coordenadora do curso de Pós-Graduação em Educação Sexual e Terapia Sexual do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática) de São Caetano.

Arlete ainda afirma que a pessoa age na maioria das vezes sem planejar e pode se colocar em situações de risco como, por exemplo, fazer sexo em lugares públicos ou com parceiros desconhecidos. "Um dos meus pacientes, um executivo, tinha que ligar para a família ir buscá-lo no escritório porque qualquer descuido e ele estava com uma prostituta. Há pessoas que procuram mendigos", relata.

O urologista, sexólogo e terapeuta sexual Celso Marzano afirma que "para se detectar que a pessoa é viciada em sexo é necessário que esse comportamento compulsivo permaneça por pelo menos seis meses."

Segundo o médico - que é diretor do Cedes (Centro de Orientação e Desenvolvimento da Sexualidade) e colaborador da Faculdade de Medicina do ABC - "é difícil para o viciado em sexo admitir que tem uma doença e buscar tratamento." Esse vício também influencia no envolvimento afetivo e dificilmente é compreendido pelos parceiros.

"Sempre trai muito minhas namoradas. Queria mais. Minha mulher atual me chamou a atenção e marcou consulta para mim", revela um vendedor de 29 anos, de São Caetano. O rapaz também já teve problemas no trabalho. "Já perdi dois empregos por causa da compulsão", conta.

Dos viciados em sexo, 95% são homens entre 20 e 45 anos

Há poucas pesquisas que retratam o perfil dos viciados em sexo. "Alguns têm vergonha de tocar no assunto e outros mentem nas pesquisas", afirma o médico Celso Marzano.

As informações mais difundidas no Brasil fazem parte do estudo do psiquiatra norte-americano Martin Kafka que aponta que 95% dos viciados em sexo são homens. "Depende de muitos fatores emocionais, culturais, religiosos e familiares", afirma Marzano.

Para a psicóloga Arlete Girello Gravanic, "a explicação pode estar no fato de o homem ter mais testosterona e a cobrança social de autoafirmação através do sexo."

A psicóloga ainda afirma que a maior parte dos compulsivos por sexo tem idade entre 20 e 45 anos, mas os sintomas também aparecem nos adolescentes. "Tive um paciente de 16 anos que os pais estavam se separando. Ele se sentia o ‘patinho feio' nessa história e começou a sair da sala de aula para ir ao banheiro se masturbar. O rendimento dele caiu e acabou perdendo o ano escolar."

TRATAMENTO - O controle da compulsão sexual pode acontecer com acompanhamento psicológico, participação de grupos de autoajuda e até o uso de ansiolíticos com acompanhamento médico. Os casos mais graves podem exigir até mesmo internação para controle do estado de ansiedade.




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