Observador, sereno e viajante por natureza. Essas palavras resumem o comportamento do pintor dinamarquês Flemming Jorgensen, segundo ele próprio. Sobre isso, o artista fundamenta as bases para a composiçao de suas aquarelas. Dessas, 22 estao na exposiçao Um Olhar do Viajante sobre a Flora Brasileira, que fica até dia 30 deste mês na Galeria do Parque-Escola, em Santo André.

A mostra apresenta o tema que Jorgensen assumiu há algum tempo: as paisagens e a "construçao vegetal" de determinados pontos do globo. A exposiçao é costurada por interpretaçoes artísticas de paisagens do Brasil, visitadas na sua primeira passagem pelo país, em 1998. Algumas foram elaboradas aqui, e outras, após o seu retorno para o Canadá, onde está radicado há 43 anos.

O que nao faltou no Brasil foi matéria-prima para os seus estudos pictóricos. "A riqueza de tons verdes na América do Sul é poderosa, impossível de ser ignorada", atesta Jorgensen, com um know how de quem já visitou (e pintou) paisagens de Grécia, México, Portugal e Espanha.

Ana Carolina Albano, namorada e cicerone de Jorgensen em solo brasileiro, nao hesita em comentar: "Fiz questao de mostrar-lhe as praias da Bahia, o Jardim Botânico fluminense, as paisagens da Mata Atlântica e, para concluir, a Floresta Amazônica".

Nessas aquarelas ficam evidentes as influências que Jorgensen tenta imprimir, ou ao menos sedimentar. De cara, declara a sua devoçao ao italiano Giorgio Morandi (1890-1964), pintor de apelo nítido às pinceladas metafísicas e conhecido pelo rompimento com a perspectiva tradicional. "É com o acervo de Morandi que tento manter contatos imediatos. É sua ousadia de reinventar contornos para paisagens e flores que eu paquero", afirma.

O dinamarquês deixa o Brasil sábado, de volta ao Canadá. Na bagagem, leva fotografias, inclusive do Grande ABC, e livros para novas experiências sobre a flora nacional. Em novembro, Jorgensen retorna para nova exposiçao, na Galeria Astrolábio, em Sao Paulo.