Carisma e criatividade venceram experiência e confiança no programa O Aprendiz, da Record, que terminou quinta-feira passada. Vivianne Ventura Brafmann, 27 anos, paulistana, ouviu de Roberto Justus o esperado “você foi contratada” para trabalhar como executiva no grupo Newcomm com salário anual de R$ 250 mil. Ela superou Denis Peres da Silva, 28 anos, de São Bernardo, na final do reality show. Ao menos ele foi até o fim sem ouvir o bordão “Você está demitido”. A decisão final de Justus foi revelada ao vivo, no Teatro Record, para a platéia de convidados da emissora, da Vivo (patrocinadora exclusiva) e familiares dos candidatos, com muito papel picado, fogos e festa da torcida uniformizada da vencedora, com camisetas em inglês “Vivi You Are Hired” (você foi contratada) e máscaras com o rosto dela.
Assim como na final do The Apprentice, apresentado pelo milionário norte-americano Donald Trump nos Estados Unidos, programa de cuja franquia vem a versão brasileira, a última parte da sala de reunião foi ao vivo. As paredes abriram para a platéia logo após a contratação, exatamente como no original. Por aqui, faltou organização: mais de 400 pessoas lotaram o Teatro Record e muitas ficaram em pé, inclusive a reportagem do Diário; produtores pediram silêncio absoluto na platéia, mas alguns risos não foram evitados quando Justus disse que Denis não estava “tão bravinho hoje”.
Na última prova, Vivianne conseguiu 45% a mais de arrecadação em um leilão beneficente do que Denis, mas isso não era fundamental na avaliação, e sim o contexto da organização. Foi uma decisão polêmica de Denis que pesou para Justus. Ele recusou-se a mudar a data prevista para realização de seu leilão, a pedido de Justus, para não concorrer com outro evento beneficente com mais estrelas e atrativos. Vivianne aceitou a mudança.
Houve mais dois vencedores. Um deles foi a Record, que abocanhou a vice-liderança no horário (das 22h15 às 0h10) segundo dados preliminares do Ibope, não consolidados até o fechamento desta edição, com picos de 16 pontos e média de 13 (Globo fez 21 e SBT, 10). A emissora elevou o patamar que girava entre 4 e 6 pontos no horário. O apresentador e empresário também teve seu quinhão de vitória: dedicou o programa a sua mãe, Lidia Justus, em coma há um ano, que dizia que o filho deveria ser artista. “No momento em que estou na TV ela não pode assistir”, disse Justus para a platéia do Teatro Record, antes de o programa ir ao ar.
O critério de seleção para O Aprendiz é pesado: todos os 16 participantes tinham no mínimo curso superior e pós-graduação e falavam pelo menos um segundo idioma. Por isso, o nível do programa foi elevado, sem bons vivants se espreguiçando ao sol, só gente séria e concentrada nas tarefas que eliminavam um a um os concorrentes.
O original norte-americano tinha futrica e humor, coisas que faltaram na versão brasileira. No último programa, houve até uma lavação de roupa suja entre ex-competidores. Flávio Nogueira acusou Marcelo Menezes de fazer parte de um complô de conchavos e jogo liderado por Denis. “Éramos avaliados o tempo todo. Não poderia haver qualquer coisa sem que soubessem”, disse Denis. Flávio e Marcelo assistiram o programa, na platéia do Teatro Record, lado a lado, sem maiores conseqüências.
Vivianne já tem empresa e primeira tarefa definidas: será executiva da Wunderman, multinacional do grupo Newcomm. Em janeiro, ela passará uma semana na sede da empresa nos Estados Unidos para conhecer o perfil. Antes da felicidade, passou aperto quando Justus exibiu uma frase sua que dizia “quero fazer minha mala e ir para casa”. “Isso desencoraja qualquer funcionário”, disse Justus. “Achei que tinha dançado ali. Agora é fazer jus ao salário”, afirmou Vivianne. Justus justificou sua decisão: “Entre oferecer a oportunidade de uma pessoa com carisma e criatividade adquirir experiência e capacidade, e dar a uma pessoa com capacidade e experiência a chance de ter carisma e ser criativo, fiquei com a primeira. E ela terá de ser competente, senão será demitida”. Os R$ 250 mil serão pagos pela Record nos primeiros 12 meses.
Vivianne teve mais três surpresas. Duas foram prêmios que não estavam previstos: um automóvel Mercedes Classe A, com o qual saiu do Teatro Record e deu uma volta no quarteirão, e um curso de MBA (master of business administration) oferecido pela Business School, de São Paulo.
A outra surpresa foi um telefonema de congratulações de Donald Trump. “Ele prometeu que ligaria para o vencedor e cumpriu”, disse uma esfuziante Vivianne. Trump é também co-produtor de The Apprentice, criado por Mark Burnett e distribuído na América Latina pela Fremantle (é exibido no canal por assinatura People & Arts, da Vivax, que também mostrou a versão brasileira com Justus).
Denis não está infeliz. “Surgiram dez propostas só aqui na festa de encerramento, e tem uma possibilidade de trabalho com o Ronaldo Gasparian (outro concorrente). Não penso em fazer um livro sobre bastidores do programa ou lado negro, essas coisas, não. Só faria livro sobre as lições e os proveitos do programa. Ainda vou escrever um”, disse. E se estivesse no lugar de Justus? “Eu me contrataria. Não ser afobado pesa em qualquer empresa. O que é carisma para ele? Nos negócios vai muito além disso. Isso ele perdeu comigo”, afirmou.
Para a Record, exibir o processo de seleção de um candidato disputando com outros 15 um emprego de R$ 250 mil por ano numa grande empresa foi um sucesso. As inscrições para O Aprendiz 2 já estão abertas no site da emissora (www.rederecord.com.br/oaprendiz). Além do segundo programa, previsto para o primeiro semestre do ano que vem, a terceira edição está igualmente prevista para o segundo semestre.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.