Setecidades Titulo Resultado positivo
Região diminui taxa de mortalidade no trânsito

Em 20 anos, seis cidades reduziram quase pela
metade indicadores; Rio Grande da Serra é exceção

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
26/09/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Levantamento divulgado ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) aponta queda na taxa de mortalidade por acidentes de trânsito no Grande ABC em período de 20 anos. Segundo o estudo, seis municípios da região, com exceção de Rio Grande da Serra, conseguiram diminuir quase pela metade a quantidade de óbitos na comparação entre 1995 e 2015 (confira gráfico ao lado). Os indicadores, no entanto, ainda são avaliados como alarmantes por especialistas, que sugerem possível divergência dos casos apontados com a quantidade real de vítimas fatais no sistema viário.

Em números absolutos, a região conseguiu diminuir em 50,54% a quantidade de mortes no trânsito – caiu de 461 para 228 – entre 1995 e 2015. Embora destaquem que a redução é um sinal positivo – resultado atribuído à queda da velocidade de circulação permitida no período – especialistas são enfáticos ao tratar a queda como “insuficiente”.

“Temos praticamente uma morte a cada dois dias na região. Estamos muito distantes do ideal. Em países desenvolvidos da Europa, a taxa é de duas a três mortes para grupo de 100 mil habitantes. Quando comparamos nossos números percebemos que o cenário é alarmante”, avalia Dirceu Rodrigues Alves Júnior, chefe do departamento de medicina de tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Resultado de ações insuficientes por parte de governantes, segundo especialistas, o ainda alto número de mortes no trânsito passa a ser tratado como problema prioritário a ser solucionado por municípios até 2020, quando vence o prazo estipulado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para que países diminuam em até 50% a quantidade de vítimas fatais no trânsito. “Se não intensificarmos campanhas de conscientização, junto a punição mais rígida aos motoristas, incluindo a implantação de medidas não populares, podemos aumentar, nos próximos anos, a quantidade de mortes, principalmente de pedestres e ciclistas”, explica Luiz Vicente Figueira de Mello, especialista em Mobilidade Urbana da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas

Para alcançar tal resultado, especialistas pedem com urgência a integração de modais nos municípios, tendo em vista o aumento da frota de veículos. Só no Grande ABC, segundo o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), de 1997 – primeiro ano da série histórica disponível – até 2015 a frota cresceu 135%. Passou de 748 mil para 1,7 milhão. “Precisamos ampliar o espaço seguro para ciclistas, pedestres e até mesmo para o transporte público. Só com essa redução de veículos na rua poderemos pensar numa melhora”, avalia Júnior.

REGIÃO

Segundo o levantamento da Fundação Seade, São Caetano é hoje município modelo em ações de prevenção no trânsito. “Embora tenha frota de veículos alta, a cidade registra taxa de três mortes a cada 100 mil habitantes, índice similar ao de países da Europa. Mostra que as ações de lá têm tido efeito”, avalia Mello.

Rio Grande da Serra, por sua vez, apresenta o cenário mais alarmante, justificado por especialistas pela falta de investimento em seu sistema viário. “A frota de veículos e a população cresceram, mas a cidade ainda continua com infraestrutura precária, incluindo ausência de semáforos”, cita Júnior.




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