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Parque tecnológico terá terreno menor
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/10/2011 | 07:30
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Após o período de silêncio de um ano e dois meses, exatamente a data em que a Prefeitura de Santo André recebeu a verba de R$ 330 mil do governo do Estado de São Paulo, reconhecendo a iniciativa como pré-credenciada do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, o secretário do Desenvolvimento Econômico do município, José Antonio Acemel Romero, revelou à equipe do Diário que foi dada largada à primeira fase do projeto. No dia 19, foi contratado o escritório de arquitetura de Pedro Taddei, especialista em parques tecnológicos, para desenvolver a primeira etapa: o plano urbanístico básico. O prazo estimado para a sua entrega, segundo Acemel, é janeiro de 2012.

No entanto, a área (não contínua), que até então era de 1,082 milhão de metros quadrados, incluindo terrenos do Parque Andreense e da Avenida dos Estados (267 mil m²), foi reduzida a 30 mil m². Mesmo com a exigência do governo estadual de área mínima de 200 mil m² para o pré-credenciamento. Acemel afirmou que está negociando essa diminuição com o Executivo.

A justificativa para a expressiva redução, chegando a 2,8% do tamanho inicial, de acordo com ele, é que o enfoque do parque tecnológico será em pesquisa, inovação e desenvolvimento. "Não é preciso extensão, mas qualidade", disse, referindo-se ao fato de, para se desenvolver tecnologia, não ser preciso grande espaço.

Quanto à suposta migração de empresas que ocorre quando se inaugura um projeto desses, a fim de conquistar incentivos fiscais e estar próximo a laboratórios que poderão auxiliar em novas pesquisas, Acemel afirmou que, em Santo André, isso será feito na ordem inversa. "Primeiro vamos desenvolver as indústrias que já estão aqui na cidade, que podem migrar para o parque ou não. Podem simplesmente ter um escritório no local ou participar sem ter algum braço lá. Mas ainda vamos discutir isso, se nesse caso elas vão pagar um valor para fazer parte, ainda não sabemos."

O secretário ressaltou que a atração de empresas de fora deverá ocorrer em um segundo momento, quando a experiência de prover tecnologia às companhias locais já tiver sido realizada.

As que se instalarem no local terão benefícios fiscais, com a redução do pagamento de impostos como o ISS para a fase da construção do prédio da empresa, o IPTU e o ITBI, porém, ainda não foi definido de quanto será o desconto. Quem estiver fora não usufrui disso, pois o incentivo só cabe a quem estiver na chamada zona especial de empreendimento de base tecnológica.

 

Indefinição do projeto provocou a demora

Questionado sobre o motivo da demora de um ano e dois meses para a contratação de um escritório de arquitetura, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Santo André, José Antonio Acemel Romero, explicou que isso ocorreu por conta da indefinição das áreas do projeto.

Acemel assumiu o cargo em março. Até então, o representante da Pasta era Edson Salvo Melo, que respondia também pela Secretaria de Cultura. Com o troca-troca, o foco do projeto foi sendo adiado.

Segundo o secretário, desde julho já estava sendo negociada a contratação do arquiteto Pedro Taddei, que não passou pelo processo de licitação. "A notória especialidade dele no assunto dispensou a necessidade de edital. Fizemos o que seria mais rápido e produtivo para nós", disse. Segundo a Prefeitura, "o portfólio da empresa, bem como sua experiência comprovada em serviço de alta complexidade técnica, consubstanciam a dispensa de licitação, pelo inciso 2 do artigo 25 da Lei 8.666/93."

O arquiteto Taddei é, de fato, especialista no assunto. O também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo realizou os projetos de São José dos Campos, Campinas e Ilha Solteira.

Entrevistado pela equipe do Diário em março, o arquiteto disse que o plano urbanístico básico é fundamental para o sucesso do projeto e que, dependendo das condições, pode levar até seis meses para ficar pronto. De acordo com essa estimativa, o de Santo André seria entregue apenas em março, e não em janeiro.

Conforme explicou à época, o primeiro passo é analisar as condições do terreno, para ver se a área possui solo firme, por exemplo. Na sequência, define-se o sistema de ônibus coletivos, para saber como será o acesso, e as diretrizes ambientais e de infraestrutura.

Quanto à necessidade de concurso para ver qual projeto é o mais adequado, Acemel afirmou que isso se aplicará à segunda etapa, quando se dará a construção dos edifícios do centro tecnológico. Em média, o governo estadual libera até R$ 5 milhões como ajuda de custo.

 

Verba do Estado ficou aplicada durante inércia

Os R$ 330 mil custeados pelo governo estadual ao desenvolvimento do plano urbanístico básico do parque tecnológico de Santo André permaneceram aplicados desde julho do ano passado, segundo o secretário do Desenvolvimento Econômico de Santo André, José Antonio Acemel Romero.

Acemel contou que, a cada seis meses, é preciso dar um retorno à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico sobre o andamento do projeto e o uso da verba. Como ela só será utilizada agora, ficou rendendo juros por um ano e dois meses. O lucro, afirmou ele, vai para os cofres estaduais.

Embora o secretário tenha alegado que ainda não tem os nomes das empresas que vão integrar a iniciativa, sabe que haverá um segmento como carro-chefe do parque: o de petróleo e gás. O que não limita os demais setores a participar. "O principal será o desenvolvimento de pesquisas e tecnologia de ponta", disse. "Queremos criar ambiente em que as empresas e a academia conversem, e que os projetos das universidades sejam aplicáveis às indústrias da cidade."

Segundo ele, há o objetivo de criar um índice de industrialização para determinar quais companhias terão mais espaço dentro do parque. As que possuírem menor índice de industrialização terão um terreno maior. As que tiverem maior índice, ficam com áreas menores.

Por enquanto, estão confirmadas apenas Pirelli, TIM e Prysmian, as mesmas que já haviam manifestado interesse desde que a ideia começou a ser divulgada.

"Uma tecnologia que a TIM utilize, mas que seja desenvolvida na Índia, queremos que parta dos laboratórios do parque tecnológico daqui para frente", exemplificou o secretário.

Também não há uma data para que o parque entre em funcionamento. Sabe-se apenas que, em oito ou dez anos, o secretário espera que o projeto se torne autônomo. "A ideia é que a Prefeitura saia do conselho gestor e que a iniciativa privada e as universidades tomem a frente do negócio. Mas o Estado ainda tem que aprovar essa idéia."




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