Na esteira do crescimento das vendas de veículos, a fabricação deles também quebrou recordes em agosto. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o mês passado registrou a produção de 260,3 mil veículos, a melhor marca em 33 meses, desde novembro de 2014, quando 264,8 mil unidades saíram das linhas de montagem das montadoras de todo o País.

O bom resultado do setor, que parece ter deixado a crise no retrovisor, fez com que a entidade revisasse para cima suas projeções para 2017. Para a confecção de veículos, a alta aguardada de 21,5% passou a 25,2%. Para a venda, de 4% subiu a 7,3% e, para as exportações, de 35,6% foi a 43,3%.

Vale lembrar que, em julho, o comércio de veículos atingiu o maior volume da história, aos 439,6 mil exemplares e, na semana passada, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontou que a venda de quatro rodas foi a maior nos últimos 20 meses, com 216,5 mil unidades.

Do total de veículos produzidos em agosto, 250.234 são carros, que puxaram o índice para cima, apresentando aumento de 45,5% em relação a igual mês no ano passado. Caminhões e ônibus também reagiram frente a agosto de 2016, com incrementos de 52% (7.923 unidades) e 49,7% (2.192), respectivamente.

No acumulado do ano, o panorama é o melhor registrado desde 2014, quando 2,083 milhões de exemplares foram montados. Entre janeiro e agosto, 1,749 milhão de veículos saíram das fábricas, 25,5% mais do que nos oito primeiros meses de 2016, com 1,394 milhão de unidades.

Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, as novas previsões demonstram que a indústria caminha para cenário de retomada, mesmo que a base de comparação de 2016 seja considerada fraca. “O que precisamos agora é de estabilidade no quadro econômico para que consumidores e investidores aumentem a confiança e o Brasil como um todo entre em uma rota de aceleração da atividade econômica.”

Paulo Roberto Garbossa, diretor da consultoria ADK Automotive, concorda. Para ele, os resultados de agosto são uma luz no fim do túnel. “Há uma perspectiva de melhora no mercado, o consumidor está mais confiante. Estamos enxergando o horizonte”.

O especialista em cadeia automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas) Antonio Jorge Martins avalia que fatores cruciais ao processo de recuperação do setor automotivo são os recuos da incerteza e do endividamento das famílias. “Quando o mercado e o cenário econômico estão bem, cerca de 70% das famílias se utilizam do financiamento para a compra de carro zero, o que é raro atualmente (devido à instabilidade e ao alto custo das taxas). Em tempos de crise, a troca de carro não é a prioridade.”

MERCADO EXTERNO - As exportações também atingiram bons resultados em agosto. No acumulado do ano, foram enviadas 506 mil unidades ao Exterior, alta de 56,1% ante 2016 (324,2 mil). Só no mês passado, 66,6 mil veículos foram vendidos a outros países, 61,7% mais que em igual período no ano passado.

Martins avalia que as exportações são fundamentais em momentos de demanda interna desaquecida. “Não estou dizendo que vai piorar (mercado interno), mas que a continuidade de crescimento do setor passa por elas (exportações).”