Setecidades Titulo 1º semestre
Grande ABC registra 74 casos de gripe H3N2 no primeiro semestre

Subtipo da Influenza A tem sido o vírus com
maior circulação e já vitimou duas pessoas

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
10/08/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


 Ao contrário de 2016, quando o maior número de registros de gripe no País foi a Influenza A subtipo H1N1, neste ano o Sivep (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica) da Gripe, do Ministério da Saúde, estima um crescimento da incidência do tipo H3N2. No Grande ABC, quatro das sete cidades (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá) contabilizaram 74 casos de gripe H3N2, sendo que, do total, duas pessoas morreram no município andreense.

Ribeirão Pires não teve registro da doença, e São Caetano e Rio Grande da Serra não retornaram as informações. Mauá foi onde houve, até o momento, o maior número de casos, 41; seguida por São Bernardo, com 25 ocorrências, e Santo André, com sete, sendo que duas idosas morreram: uma com 80 anos, que morava na Vila Luzita e era portadora de pneumopatia, cardiopatia e hepatopatia crônicas, além de diabetes. A outra vítima tinha 86 anos e residia no Centro. Ela sofria de cardiopatia crônica e hipotireoidismo. Em Diadema, apenas um caso, curado, foi diagnosticado.

O médico Elie Fiss, professor responsável pela disciplina de Pneumologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), explica que cada tipo de gripe é nomeado de acordo com a combinação e quantidade de proteínas que apresenta. O H1N1 possui uma proteína chamada hemoaglutinina, que tem a capacidade de se replicar, e uma neuraminidase, cuja função é a de ligar as células. Já o H3N2 possui uma quantidade maior de proteínas: duas hemoaglutininas e três neuraminidase, modificando a forma de infecção do vírus. “Os sintomas são iguais. A diferença é imunológica, não clínica”, salienta Fiss.

“Tudo que tiver em um resfriado, sendo mais intenso, é gripe. No resfriado, tem dor de garganta, um pouco de febre e indisposição. Na gripe, a febre é alta, há dor de cabeça, mal-estar muito grande e calafrios. Os sintomas são maiores”, explica o médico otorrinolaringologista e mestre em Ciências da Saúde Levon Mekhitarian Neto. O especialista destaca que crianças, idosos e pacientes com doenças pulmonares requerem mais atenção, uma vez que o sistema imune desses indivíduos não responde com tanta eficácia.

“Qualquer vírus de gripe nesse grupo é problema”, fala. “A criança vai para a creche, todo mundo na sala de aula, ambiente fechado; o adulto vai a lugares com aglomeração, a transmissão é muito fácil”, acrescenta Levon.

Em relação à gripe H1N1, neste ano foram registrados quatro casos que evoluíram para cura (um em Diadema e três em São Bernardo). Em 2016, as duas cidades, somadas a Santo André, a Mauá e a Ribeirão Pires, contabilizaram 325 casos, sendo que 48 pessoas morreram.

 

Meta de vacinação não é atingida

Segundo o Ministério da Saúde, estudos demonstram que a vacinação contra a gripe pode reduzir de 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da Influenza. A imunização disponibilizada pela rede pública de Saúde em 2017 protege contra os três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no último ano no Hemisfério Sul, segundo determinação da OMS (Organização Mundial da Saúde): A/H1N1; A/H3N2 e Influenza B.

A campanha de vacinação deste ano não atingiu a meta de abrangência dos públicos-alvo na maioria das cidades, tanto que, em algumas delas, como Mauá e São Caetano, a Prefeitura liberou a imunização para toda a população.

Dos municípios que retornaram as informações à equipe de reportagem do Diário até a última semana, postos de Saúde de Santo André, de Diadema, de Mauá e de Ribeirão Pires ainda tinham 35.060 doses disponíveis.

Especialistas ressaltam ser tardio tomar a vacina agora. “Existe a fase de prevenção, já passou e, aí, fica muito facultativo”, diz o otorrinolaringologista Levon Mekhitarian Neto.

“Agora está um pouco tarde, porque o vírus circula de maio até meados de agosto, e, ao tomar a vacina, leva de três a quatro semanas para surtir efeito”, pontua o pneumologista Elie Fiss, fazendo, no entanto, uma ressalva. “Mas sempre é válido (tomar a vacina), porque outro tipo de vírus eventualmente pode ter surto no próximo ano e a gente sabe que quem é imunizado todo ano acaba apresentando imunidade maior.”

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;