Os dados mais próximos da realidade são referentes a roubos e furtos de carro, onde os crimes notificados chegam a 98% dos ocorridos. Em delitos como furto (11%), agressão física ou sexual (32%) e roubo (29%), as informações sobre a quantidade de crimes que acontecem ficam muito distantes da realidade e prejudicam o trabalho tanto preventivo quanto ostensivo da polícia para mapear locais onde há maior incidência. Os delitos que envolvem pessoas que se conhecem ou pouco dinheiro têm elevada taxa de subnotificação.
O objetivo da pesquisa é medir a criminalidade no local em sua totalidade, levando em conta casos de violência que ficam fora das estatísticas, por não chegarem ao conhecimento da polícia.
Além de apontar a subnotificação dos crimes na cidade, a pesquisa mostra que 53,8% da população está satisfeita com a atuação da polícia e que a maioria dos moradores de Santo André considera o tráfico de drogas, a pobreza do país, a crise econômica e a Justiça pouco rigorosa, em ordem de importância, como os principais responsáveis pela criminalidade.
De acordo com o secretário de Combate à Violência Urbana, Édson de Jesus Sardano, a pesquisa não apresenta grandes surpresas. “Os 35% de notificação dos crimes está acima da média das capitais que foram pesquisadas, mas está dentro do que imaginávamos e vai ao encontro do trabalho que fazemos na secretaria. Alguns dados, por exemplo, dão força à nossa intenção de descentralizar as delegacias 24 horas para incentivar a notificação dos crimes em áreas descobertas.”
Distanciamento – O ex-secretário nacional de Segurança Pública e coordenador do Instituto Braudel, José Vicente da Silva, acredita que a baixa notificação reflete o distanciamento da polícia e a falta de receptividade das instalações. “Quanto mais distante a população estiver da polícia, menor será sua confiança. Por isso a importância da abertura mais ampla da polícia comunitária.”
Para o delegado assistente da Seccional de Santo André, Édson Nogueira de Souza, a subnotificação atrapalha o serviço da polícia por não permitir a identificação correta de um assaltante, por exemplo. “Se não temos a informação correta temos de trabalhar com o que chega para nós, mas acho que a maioria dos casos chega para a polícia.”
Os técnicos entrevistaram 700 pessoas, maiores de 16 anos, em toda a cidade, questionando se tinham sido vítimas de algum tipo de delito nos últimos cinco anos. O mesmo questionário e metodologia foram utilizados em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Recife (PE).
Santo André foi incluída na pesquisa por ser considerado município-piloto para implementação dos programas do Piaps (Plano de Integração e Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da Violência) do Governo Federal.
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