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Manifesto da cachorrada
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
04/05/2009 | 07:04
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Há um movimento mundial para que os cachorros voltem a ser tratados como cachorros. Além dos mimos, aparentemente inofensivos, a domesticação humana alterou raças por cruzamentos a ponto de ameaçá-las de extinção. Chega às livrarias, mais uma obra para engrossar o coro, mas de forma muito bem-humorada. Um Livro Perigoso pra Cachorro (Editora Novo Século, 208 págs., R$ 35, em média) é feito na medida para aqueles donos que tratam os bichos como "filhos" e, em última instância, como acessórios, a ponto de vestir, perfumar e carregar o pobre para cima e para baixo em bolsas de grife.

Um Livro Perigoso para Cachorro é escrito por e para cachorros. Explica-se: um grupo de cinco autores o assina sob o codinome da dupla Rex & Sparky.

São esses dois vira-latas (ao menos de alma) que conduzem o leitor pela narrativa, praticamente um manifesto da cachorrada.

"Houve um tempo, não muito distante, em que cachorros eram uma necessidade, e não um acessório. Nós encurralávamos ovelhas desobedientes nas fazendas, trazíamos uísque para aquecer os escaladores de montanhas nas noites frias, éramos bem mais valiosos para cada bombeiro, fiéis sentinelas para cada catador de lixo, e amigos servis, leais para todos os homens. Vagávamos livremente porque sabíamos nos sustentar sozinhos, e nossas investidas e desejos de passear eram estimulados, e não desencorajados. Era um tempo em que corríamos no chão, ao invés de sermos carregados em bolsinhas cor-de-rosa, um tempo em que éramos simplesmente lavados com uma mangueira no fundo do quintal, ao invés de sermos entregues para escovação num pet shop. Era um tempo A.D. - Antes da Domesticação, quando podíamos ser o que somos: cachorros", escrevem Rex & Sparky a oito patas.

O título, apesar da distorção do trocadilho na adaptação, pega carona na série iniciada com o Livro Perigoso para Garotos, de Conn Iggulden e Hal Iggulden, que pretende ensinar aos meninos de hoje a voltar a ser meninos, ou seja, largar um pouco seus videogames e brincar ao ar livre. Cultivar a curiosidade natural dos futuros homens para o mundo.

Ambos, feitas as contas, sugerem um resgate do crescimento saudável por meio das coisas simples da vida. Lição aplicável para humanos e seus melhores amigos.

Outros lançamentos:

A Última Corrida - Ferradura dá Sorte? (Global, 172 págs., R$ 25, em média) dá sequência à reedição das obras do popular escritor Marcos Rey. Neste romance, ele mostra ao leitor o mundo do turfe e as figuras que nele interagem. Tratadores, jóqueis, proprietários e apostadores vão surgindo e, desde logo, evidenciam suas características. Realidade dos bastidores e ficção se encontram.

Eugénie Grandet (EstaçãoLiberdade, 259 págs., R$ 35, em média) foi lançado originalmente em 1833 e é considerado a primeira grande obra de Honoré de Balzac (1799-1850). Parte do imenso painel que é A Comédia Humana, narra a história de amor recalcado da jovem que dá título ao romance e retrata a vida provinciana francesa, uma paralisada e decadente sociedade.

Ser Como o Rio que Flui (Agir, 253 págs., R$ 22, em média) reúne, segundo o autor Paulo Coelho, relatos de alguns momentos que viveu, histórias ouvidas e reflexões feitas enquanto percorrria determinada etapa do "rio" da vida. O leitor do Diário vai encontrar boa parte das crônicas publicadas aos domingos neste caderno, sempre buscando nos detalhes do dia-a-dia, uma existência mais harmônica.

Sete Roteiros de Aventuras - Viajando Pelo Mundo numa Bike (Gaia, 90 págs., R$ 47), de José Antonio Ramalho traz, além do que título e subtítulo anunciam, dezenas de fotografias do autor, feitas entre pedaladas em locais exóticos, como Tibete, Nepal, o monte Everest, Marrocos, o deserto de Atacama, no Chile, entre outros. Em papel couchê, a edição é inspiradora para quem busca destinos inusitados para realizar antigos sonhos. Caso de Ramalho, um profissional multimídia - escritor, jornalista, fotógrafo - com mais de 100 obras publicadas. 




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