Moradores do bairro Taboão, em São Bernardo, reclamam da falta de médicos no pronto-socorro. A situação limite ocorreu na sexta-feira, por volta das 18h, quando cerca de 40 pessoas aguardavam atendimento e o PS contava apenas com um clínico-geral. Os pacientes aguardaram em média três horas. Houve quem voltasse para casa sem passar por consulta.

A dona-de-casa Sônia Ciancio procurou o pronto-socorro com dores na costela após uma queda. Esteve na unidade das 11h às 13h sem conseguir ser atendida. Voltou às 18h e só passou por exames e recebeu medicação às 21h30. "É uma vergonha oferecer um atendimento deficitário na véspera da eleição. Este pronto-socorro já foi bom, mas hoje em dia deixa muito a desejar", reclamou.

Ontem, o PS não contava com pediatra. Durante meia hora o Diário flagrou seis pessoas com crianças de colo que não puderam receber diagnóstico. A maioria das crianças apresentava febre e garganta inflamada. Com a falta de profissionais no pronto-socorro do Taboão, as famílias se dirigiram ao Quarteirão da Saúde, em Diadema.

O bancário Diogo Augusto de Almeida, 28 anos, saiu com o filho na tarde chuvosa em vão. "A sorte é que tenho convênio médico, muitas famílias precisaram enfrentar esta chuva para pegar ônibus até Diadema para cuidar do filho doente", conta.

Foi o caso da diarista Sueli Moraes, 30 anos, da analista Giovana Ciancio, 30, e de Luciana Monteiro de Souza, que levaram crianças para o Quarteirão da Saúde. "Já vou para Diadema sabendo que terei de esperar até quatro horas, mas não tenho alternativa" afirma Giovana.

O conselheiro de saúde Franciso Rodrigues de Carvalho Neto conta que recebe inúmeras reclamações de falta de médicos e morosidade no atendimento há pelo menos um ano e 10 meses. "O pronto-socorro precisa de no mínimo dois clínico-gerais e um pediatra para funcionar com eficiência, e isso nunca acontece", queixa-se.

A Secretaria de Saúde de São Bernardo informou que, na sexta-feira, todos os casos graves foram atendidos. Ontem, os casos de pediatria foram encaminhados para o Pronto-Socorro Central, Unidade Básica de Saúde do Rudge Ramos ou da Paulicéia. Quem optou por atendimento no Quarteirão da Saúde foram os pacientes de Diadema, que somam cerca de 70% dos atendimentos no bairro Taboão.