Cultura & Lazer Titulo
'Lado a Lado' leva platéia às lágrimas
Vivian Whiteman
Da Redaçao
28/01/1999 | 15:11
Compartilhar notícia


Disfarçar, bancar o indiferente ou garantir que esse tipo de história nao convence mais ninguém - dificilmente esses artifícios vao dar resultado. Lado a lado, drama protagonizado por Susan Sarandon e Julia Roberts, foi feito para levar platéias às lágrimas e, acredite, consegue atingir seu objetivo sem precisar forçar a barra. A fita entra em cartaz nesta sexta.

A história vai soar familiar: mulher odeia a nova namorada de seu ex-marido, adora a idéia de que seus filhos infernizem a vida da infeliz, mas é obrigada a reconsiderar suas posiçoes quando descobre que está com câncer. Realmente, o roteiro nao prima pela originalidade, mas é a forma de conduzir a história que faz a diferença. Ponto para Chris Columbus (de Esqueceram de mim), o diretor.

Quem já começou a imaginar personagens chatos, diálogos chorosos ambientados em hospitais frios, cheios de gente triste à espera da morte, está muito enganado. As duas personagens centrais sao mulheres bem resolvidas, que podem tomar rasteiras da vida sem exigir dó e compaixao dos demais.

Jackie (Susan) decidiu pedir o divórcio, e vive sozinha com os filhos Ana (Jena Malone) e Ben (Liam Aiken). Ela tem suas próprias convicçoes sobre a educaçao das crianças e odeia a idéia e deixá-las nas maos de Isabel (Julia), quando o pai da dupla (papel de Ed Harris, ganhador de um Globo de Ouro por O show de Truman) tem de viajar ou se atrasa nos dias de visita.

As duas sao bastante diferentes: por opçao, Jackie abriu mao do emprego para cuidar dos filhos, e Isabel preferiu se concentrar em sua promissora carreira de fotógrafa. Quando se encontram, as faíscas sao inevitáveis. Percebendo sua imagem de invasora na família, e mesmo irritada com as birras e armaçoes das crianças, Isabel até que se esforça, mas sua antecessora é turrona e nao faz a mínima questao de ajudar. Nada mais normal entre mulheres reais, que têm aquela ponta de teimosia que nao faz mal a ninguém.

Mesmo depois que descobre a doença, Jackie ainda resiste. Nada de alarmes, lágrimas ou mudanças de posiçao artificiais. Numa conversa com o ex-marido, um certo inconformismo, misturado com raiva e o sentimento de impotência que atinge as pessoas em situaçoes extremas (algo como "devia ser com você, que fez tudo errado, me magoou e destruiu nosso casamento").

Quando o ex anuncia que vai se casar com Isabel, e a quimioterapia nao dá resultados, Jackie percebe que nao tem muitas escolhas. Pensando nos filhos, que mais cedo ou mais tarde terao de conviver com a madrasta, ela começa uma aproximaçao lenta, deixando bem claro que está sendo obrigada a isso.

E como acontece, de fato, quando duas pessoas se conhecem melhor, as virtudes de Isabel começam a ficar mais evidentes. Percebendo a brecha aberta pela mae, as crianças resolvem dar um tempo e desistem de transformar a vida da suposta bruxa num inferno completo.

Além de nao apelar para o sentimentalismo barato e falso, o filme traz um time que mantém o nível de atuaçoes num ótimo patamar. Susan faz um grande trabalho, Julia encontra seu melhor momento nas telas, Harris cumpre seu papel e as crianças dao um show.

Prepare o lenço e encare o programa. Se gostar do filme e se desmanchar em lágrimas, nao se odeie por isso - afinal, nem só as obras-primas têm o poder e o direito de emocionar.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;