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O caubói brasileiro em oito filmes
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
28/11/2006 | 21:04
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O cangaceiro é o caubói brasileiro, é o justiceiro, o anti-herói que centraliza a oportunidade de prescindir do Estado para enriquecer, para obter justiça. Cada qual tem suas particularidades, mas ambos são mitos de transição de um país (o caubói para os Estados Unidos, o cangaceiro para o Brasil). São a travessia entre o crime que recompensa e a formatação de uma civilização.

E se entre os caubóis houve Billy the Kids e Wyatt Earps, entre os cangaceiros há o mito maior de Lampião. Dos oito filmes programados para a mostra Cangaceiros, cinco mencionam diretamente Virgolino Ferreira da Silva. Não obstante, todos devem ao bandido morto em 1938 a figura iconográfica, o misto de severidade, insurreição e aventura.

O mito-mor do guerreiro sertanejo dos anos 30 é protagonista de Lampião, o Rei do Cangaço, filme de reconstrução simbólica operado por Carlos Coimbra, um mestre em solenidades audiovisuais. É também o personagem que impulsiona O Lamparina, filme em que Mazzaropi interpreta um cangaceiro prestes a ser desafiado por Virgolino, e Baile Perfumado, a investigação biográfica e imagética da dupla de cineastas Lírio Ferreira e Paulo Caldas sobre um libanês que foi o único a ter filmado o bando de Lampião.

O ministro do cangaço está também presente em Vitalino/Lampião, curta de Geraldo Sarno que mostra um artesão confeccionando esculturas de barro com figuras de cangaceiros; e em Corisco e Dadá, ficção de Rosemberg Cariry que se debruça sobre a figura secundária de Corisco, cangaceiro cujo relacionamento com a companheira Dadá ficou tão famoso quanto o estreitamento com Lampião.

Mesmo que Virgolino não seja personagem, sua presença é incontestável como o modelo que serve a O Cangaceiro, aventura de Lima Barreto que acabou como o maior êxito da Cia. Vera Cruz, em São Bernardo; e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, a epopéia barroca de Glauber Rocha. E, por fim, é a figura que ronda o documentário Memória do Cangaço, preciosidade de Paulo Gil Soares que reúne depoimentos de testemunhas da era do cangaço, 30 anos após seu fim.

Cangaceiros – Mostra audiovisual, no MIS (Museu da Imagem e do Som) – av. Europa, 158, São Paulo. Tel.: 3062-9197. Ingr.: R$ 1,50 e R$ 3. Programação – Nesta quarta-feira: Memória do Cangaço (1964) e Vitalino/ Lampião (1969), às 19h. Nesta quinta-feira: O Cangaceiro (1953), às 19h; Baile Perfumado (1996), às 21h. Sexta: Lampião, o Rei do Cangaço (1963), às 19h; O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), às 21h. Sábado (dia 2): O Lamparina (1964), às 15h; Baile Perfumado, às 17h; O Cangaceiro, às 19h; Corisco e Dadá (1996), às 21h. Domingo (dia 3): Memória do Cangaço e Vitalino/ Lampião, às 16h; O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, às 17h; Corisco e Dadá, às 19h; Lampião, o Rei do Cangaço, às 21h.




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