A história saiu do escaninho do escritor Joseph Roth, autor do romance homônimo. Andreas (Rutger Hauer) é um polonês alcoólatra, refugiado em Paris por ter sua cabeça a prêmio no país natal. Nem Messias, nem apóstolo. É um mendigo que nada tem de bíblico a não ser a compaixão cristã que Olmi lhe rende. Certo dia, é abordado por um homem que lhe pede para entregar uma quantia em dinheiro a um padre. Cumprir a missão sem gastar um tostão sequer na caninha será tão difícil para Andreas quanto atravessar o pico Aconcágua, nos Andes, sobre um cágado com cãimbras.
Esse conforto indulgente aos descamisados aproxima A Lenda do Santo Beberrão do neo-realismo de De Sica e Rosselini. Contemporâneo de Valério Zurlini, Franco Zeffirelli e Marco Ferreri, Olmi levou o Leão de Ouro em Veneza pelo filme. Outra estatueta e outra confirmação de sua condição de cineasta preferencial no Vaticano, que em 1995 elegeu o seu A Árvore dos Tamancos (Palma de Ouro em 1978) um dos melhores 45 filmes de toda a história do cinema. Amém!
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