Foi com o sentimento de vitória que a dona de casa Sônia da Silva de Lima, 56 anos, deixou o Fórum de Santo André, na noite da última quinta-feira, após ouvir a sentença do policial militar Abimael Antônio Ribeiro da Silva pela morte de seu filho, o estudante Thiago Alberto da Silva Lima, 17, assassinado em junho de 2000.

Nove anos depois do crime, o réu foi levado a júri popular. O julgamento durou cerca de dez horas e Abimael foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado. A defesa tem cinco dias para apelar da decisão. Enquanto o processo não passar pelas mãos dos desembargadores do STF (Supremo Tribunal Federal), Abimael continuará em liberdade e atuando na Força Tática de Santo André.

"Durante todos esses anos, nunca deixei de lutar para que a justiça fosse feita. Meu filho não voltará, mas precisava de uma resposta e a sociedade também", contou Sônia.

Desde a morte de Thiago, a dona de casa não consegue mais chorar. "Me transformei em uma pedra. Não tenho mais sentimentos. Perdi minha mãe exatamente um ano depois que meu filho morreu. Sofri muito, mas não chorei. Há três anos meu marido faleceu de depressão. Não aguentou lutar. É pela minha filha que vivo."

Para o promotor Antônio Nobre Folgado, a condenação era esperada. "Acompanho o caso desde o início e confiava que os jurados fizessem justiça. Saí do tribunal satisfeito."

Thiago morreu no dia 26 de junho de 2000 depois de levar um tiro no peito disparado por Abimael durante uma "averiguação de rotina". Por volta das 11h, o estudante passeava com seu pastor alemão pela Rua Petrogrado, no Jardim Santo Alberto, quando foi abordado pelo policial, que disparou contra o adolescente.

Abimael alega que suspeitou que o rapaz estivesse armado por causa de um volume percebido por baixo da camiseta, na altura da cintura. Na época, o policial afirmou que de dentro da viatura pediu para que o jovem levantasse a camiseta, mas o garoto teria virado o corpo e sacado uma arma.