A morte de Ana Cristina de Macedo, 17 anos, fez com que os moradores da favela Heliópolis ficassem apreensivos e tensos durante todo o dia. O local da ocorrência era evitado pelos pedestres e as circunstâncias da fatalidade pautaram as conversas no bairro.

Os protestos causaram discussão. "Talvez essa não seja a melhor maneira para a população fazer sua manifestação, mas queremos chamar a atenção dos governantes para que inocentes não paguem o preço da violência", diz o líder comunitário do Heliópolis, João Eudes.

O instalador Ivanildo Guedes da Silva, 22 anos, que voltava do trabalho, foi atingido por um tiro de bala de borracha dado pela polícia na segunda manifestação. "Acho um exagero essa ação dos manifestantes, mas a polícia também age de maneira errada, sem se preocupar com os cidadãos que não participam desse tipo de protesto."

A manifestação gerou controvérsia, mas a morte de Ana Cristina causou indignação entre os moradores. A adolescente tinha uma filha de apenas 1 ano e 8 meses, que vive com o pai. A vítima morava na favela Heliópolis com a mãe para poder estudar, segundo Marilene Pereira de Sousa, mãe do namorado de Ana Cristina, Bruno Sousa.

De dia, Ana Cristina trabalhava em comércio no Ipiranga, Zona Sul da Capital; à noite, cursava o supletivo para concluir o Ensino Fundamental. Ela era filha única e vivia com a mãe.

Testemunha - Um morador da Rua Cônego Xavier guarda na mente a cena do momento em que viu a jovem Ana Cristina de Macedo cair poucos metros à frente de sua residência. "Estava dentro de casa quando eu e minha mãe ouvimos barulho de batida de carro e saimos para olhar. Quando abri o portão, a moça descia a rua, indo para a calçada", conta o rapaz, que não quis se identificar. "Nesse momento, vi também um homem correndo e entrando na viela e um guarda logo atrás dele, na sequência, a moça caiu no chão", lembra.

"Percebi que a moça tentava respirar com dificuldade, mas o sangue era muito e ela já não tinha mais forças", descreve a testemunha, que prestou depoimento à polícia.