As festas de rua, mais conhecidas como pancadões, estão na mira da Polícia Militar em Diadema. Como na semana passada, foram realizadas ontem operações para ocupar os locais em que mais acontecem os bailes irregulares. Os jovens interditam as vias sem autorização, ligam os potentes aparelhos de som dos veículos e desrespeitam e ameaçam os moradores, que reclamam do barulho.

Segundo a polícia, no município há pelo menos 50 pontos mapeados. Em cinco destes locais a corporação identificou alto número de participantes, que pode chegar a 800 pessoas, como no Jardim Campanário.

O Diário acompanhou ontem a ocupação pela polícia em três pontos. A primeira ação foi na Alameda da Saudade, na Vila Conceição, e não houve problemas, apenas o alívio dos vizinhos. Alguns moradores chegaram a colocar a residência à venda devido ao incômodo provocado pelas festas organizadas nas proximidades.

"A presença da polícia é muito importante para a gente. Quando os bailes acontecem não podemos nem sair de casa", disse uma cabeleireira, 34 anos, que vive há 5 no bairro, e é mãe de duas meninas.

Na rua, as crianças falam do consumo indiscriminado de drogas e bebidas alcoólicas durante o pancadão. 

INCOMODADOS
No Jardim Canhema e Parque Real, os mais velhos viram com bons olhos a presença dos militares. Mas com medo de represálias, eles conversam rapidamente com a equipe do Diário e contam que são ameaçados caso reclamem do barulho das músicas que são tocadas até de madrugada ou procurem a polícia.

Os jovens ficaram agitados e irritados ao perceberem a chegada das viaturas e motos da polícia militar na tarde de ontem. Entre eles começou uma intensa movimentação.

Na Rua Daniel José de Carvalho com a Rua Frank Sinatra, no Parque Real, foi montado um bloqueio pelas viaturas, assim como na esquina das ruas Santa Cruz e Jabuticabeiras, no Jardim Canhema - ponto que chega a concentrar mais de 400 pessoas nos pancadões.

A operação em Diadema estava prevista para ser encerrada às 23h. A corporação pretende levar este tipo de trabalho para Santo André e São Bernardo.

Bailes combinam música alta e crimes 

As autoridades dizem que os pancadões combinam música alta, perturbação do sossego público e crimes como consumo de drogas e atentado ao pudor, por isso é necessária a intervenção, além das queixas dos moradores, que pedem o fim dos bailes.

A abordagem de motociclistas, veículos e indivíduos suspeitos foram as ordens proferidas pelos superiores da Polícia Militar.

A operação de ontem reuniu cerca de 60 policiais, 15 viaturas, três bases móveis e 12 motocicletas para ocupar os cinco pontos onde acontecem os bailes. As equipes foram dividas e apenas no momento da ação é que cada uma descobriu a sua área de patrulhamento.

As áreas fiscalizadas foram a Rua Santa Cruz com a Rua das Jabuticabeiras, no Jardim Canhema, Rua Bituva, no Eldorado, Rua Daniel José de Carvalho com a Rua Frank Sinatra, no Parque Real, Alameda da Saudade com a Avenida Ulisses Guimarães, na Vila Conceição, e o Jardim Campanário.

As viaturas ficaram circulando para não deixar os organizadores dos pancadões tomarem as ruas. Na última ação, a polícia abordou 469 pessoas, apreendeu 56 carros, 114 motos e 16 carteiras de habilitação, aplicou 158 multas de trânsito e deteve duas pessoas.