Propagar uma fé nem sempre é uma atividade silenciosa. Talvez, sozinho, na intimidade do lar ou do templo, o fiel consiga, em silêncio, se comunicar com Deus. Entretanto, se encontrar no mesmo espaço físico com outros fiéis, aumenta a emoção de comungar e se expressar pela religião e, conseqüentemente, a intensidade do som sobe.
Para o secretário especial da coordenadoria de Infra-Estrutura de São Bernardo, Gilberto Frigo, o cuidado com o tema, que pode acabar sendo interpretado como perseguição ou intolerância religiosa, exige bastante cautela por parte da Prefeitura.
No Jardim das Américas, região central de São Bernardo, o que anda incomodando os vizinhos é o som feito pela mesquita Abu Baker Assadik. Ela utiliza caixas de som para anunciar aos fiéis, em árabe, por alguns minutos, o momento de fazer uma das cinco orações diárias – apenas uma, que é feita ainda de madrugada, não é anunciada. A mesquita justifica dizendo que o som que é feito se compara ao de um sino da igreja católica.
Para Odair Polverini, vizinho há dez anos da mesquita, a utilização do aparelho, que começou no fim do ano passado, não se compara a um sino. “Se o barulho fosse feito um dia só não incomodaria, mas já virou rotina. Eu estou indignado”, reclama Polverini.
Gilberto Frigo admite a existência das reclamações contra as caixas de som da mesquita. Segundo ele, ambos utilizam a legislação municipal para defender seu ponto de vista. “Os moradores interpretam de um jeito e os lideres da mesquita de outro”. Para acabar com a dicotomia, antes de tomar uma posição oficial, Frigo solicitou um parecer – ainda não concluído – da Secretaria de Assuntos Jurídicos.
Pentecostal - Vizinha de uma igreja petecostal na Paulicéia, a dona de casa Domingas Judithe dos Santos Pires, 59, se queixa. “O barulho é muito grande. Além dos berros, os instrumentos musicais também são ligados em volume alto”, reclama, afirmando que os cultos acontecem, pelo menos, quatro vezes por semana e, por vezes, terminam depois da meia-noite.