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Estado vai assumir despoluição do Rio Pinheiros
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
29/05/2001 | 20:47
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O governador Geraldo Alckmin anunciou nesta terça que as estações de flotação para despoluição do rio Pinheiros serão construídas por empresas estaduais e federais e não pela iniciativa privada, como fora previsto no lançamento do programa, em fevereiro. “Se o projeto for feito pelo governo, não haverá necessidade de licitação, nem de edital. Com isto, vamos ganhar tempo”, afirmou. A primeira estação deverá ficar pronta no mês que vem.

O início do processo de despoluição do rio Pinheiros irá permitir o bombeamento da água do rio para a Billings, o que irá aumentar a produção de energia elétrica na usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão, em 298 MW (hoje, a usina produz 108 MW). Desde 1992, a Constituição estadual não permite que a água poluída do Pinheiros seja bombeada para a represa, a não ser em casos excepcionais – controle de enchentes na Região Metropolitana e pane no sistema de energia elétrica.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, a crise de energia influenciou a decisão de passar o projeto para o governo. “O motivo da mudança foi agilizar o processo de implementação do projeto. A crise ajudou, mas o mote principal do projeto é ambiental, e não energético”, disse.

Tripoli afirmou que a primeira estação de flotação deve ser instalada em junho. “Em 12 meses, o projeto todo estará em funcionamento e poderemos bombear água para a Billings. O que posso garantir é que a Billings não irá receber água de qualidade pior do que a atual”, afirmou.

O secretário disse que a água só será bombeada se estiver dentro da classificação 2 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) – adequada para consumo depois de tratada, para uso na agricultura, criação de animais e para a prática de esportes náuticos. “O bombeamento só será feito dentro de um ano. É claro que faremos experiências ao longo da implementação do projeto. Não iremos, porém, queimar etapas por causa da crise energética”, disse.

Tripoli lembrou que a falta de energia é um problema recorrente. “Com as chuvas, a crise vai ser reduzida. No ano que vem, teremos o problema novamente e a produção da usina Henry Borden já terá aumentado devido à despoluição.”

Segundo o secretário, a despoluição é uma alternativa de longo prazo para amenizar a crise de energia. “Estamos agilizando o licenciamento de usinas termelétricas e começando um projeto de educação ambiental para reúso de energia. O que podemos fazer para ajudar, estamos fazendo”, disse.

O secretário informou que quatro empresas devem ficar responsáveis pelo projeto, dentre elas a Petrobras e a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). “Tudo deve ser resolvido na próxima semana (Semana do Meio Ambiente). Hoje (terça), o meu colega Mauro Arce (secretário estadual de Energia) me informou que o processo caminha muito bem.”

O custo do projeto é estimado em US$ 100 milhões, que seriam investidos por uma empresa privada em troca da comercialização do excedente de energia que será produzido na usina Henry Borden. Agora, a verba será dos governos estadual e federal, e a energia também será explorada pelas empresas estatais. Com a despoluição, o bombeamento de água para a Billings passará de 8 m³ ou 10 m³ por segundo para 50 m³ por segundo.

Colaborou James Capelli




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