O índice de desalojados pelas chuvas no Grande ABC aumentou 109% na Operação Verão 2010/2011 em comparação com o período anterior. É um dos maiores crescimentos de São Paulo, segundo dados da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.
Em números absolutos, significa que na região, entre 1° de dezembro de 2010 e 31 de março, 1.236 pessoas tiveram de deixar suas residências por conta das tempestades. O total de desalojados na temporada passada foi de 589.
O estrago no Grande ABC é maior se comparado às outras regiões de São Paulo. Em grande parte das localidades, o índice teve queda.
Aumento mesmo só foi verificado em seis lugares, quase todos inexpressivos.
Se a média estadual for utilizada como comparação, o aumento observado é ainda mais escandaloso.
Enquanto no Grande ABC o crescimento foi de 109%, em todo o Estado, o número de desalojados caiu 45%.
Nos quatro cantos de São Paulo, a Defesa Civil contabilizou que 23.397 pessoas abandonaram suas casas para fugir das tempestades por questões de segurança. Na estação anterior, foram 43.214 os prejudicados.
Nos demais índices registrados pela coordenadoria - feridos, mortos e desabrigados (que são os que tiveram a moradia destruída pela chuva) - a diferença entre uma temporada e outra na região foi pequena.
Para o mestre e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas pela USP (Universidade de São Paulo) e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) Gilson Lameira, só a força das águas não explica o aumento.
Nos últimos dois anos, segundo o especialista, o que se verificou foi a ocorrência de problemas causados pelas chuvas com mais intensidade, o que não exime a responsabilidade das autoridades.
Lameira entende que o aumento no número de pessoas desalojadas no Grande ABC "demonstra a grande dificuldade que o poder público tem de se antecipar aos problemas."
Segundo o especialista, "falta aos municípios conhecimento sobre a ocupação do solo e o mapeamento das zonas de risco", o que ajudaria a evacuar áreas propensas a enchentes, quedas e deslizamentos de terra antes dos acidentes.
No verão passado, quando as chuvas provocaram sete mortes na região, Ribeirão Pires foi a cidade mais atingida. Além de três pessoas mortas, mais de 700 ocorrências, como deslizamentos de terra e quedas de árvores, que deixaram bairros isolados, foram comunicadas.
Na atual temporada de verão, Mauá foi a mais castigada das sete cidades, contabilizando todas as seis mortes ocorridas em função das chuvas no Grande ABC.
Área montanhosa e com moradias precárias, muitas irregulares, o Jardim Zaíra foi a região mais atingida.
No bairro, um escorregamento de terra matou mãe e filho dentro de casa. Também em sua residência, uma aposentada morreu afogada.
Quantidade de desabrigados tem alta de 53,7% em 2011
O número de desabrigados - pessoas que perderam as casas - na região subiu 53,7% em relação ao verão de 2009 para 2010. No período anterior, 108 famílias ficaram desabrigadas, número que subiu para 166 neste ano.
O crescimento representa tendência contrária ao observado em todo o Estado, que teve queda de 78,7%. No verão passado, 12.051 famílias ficaram desabrigadas. Já neste ano, o número caiu para 2.563.
O número total de mortes também caiu no Estado, passando de 78 para 29 óbitos, o que representa queda de 62,8%. (Fábio Munhoz)
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