O cenário aquecido da economia brasileira e o estímulo no setor de alimentação que a Páscoa promove foram pilares de sustentação do menor número de falências requeridas para o mês de abril dos últimos seis anos.

Ao todo 133 empresas de todos os portes entraram com pedido de falência no mês passado. Foram 13 requerimentos a menos do que em abril de 2010. E a queda foi maior em relação a março, tendo em vista que 172 empresários pediram para fechar as portas.

Os dados fazem parte da pesquisa mensal da Serasa Experian de falências e recuperações judiciais divulgada ontem.

De acordo com o assessor econômico da Serasa, Carlos Heitor de Almeida, outro fator que contribuiu para que os pedidos atingissem seu menor patamar, desde a entrada em vigor da nova Lei de Falências em julho de 2005, foi o número de dias úteis de abril, que foram apenas 19.

"Para este mês teremos três dias a mais. Portanto há mais tempo para os pedidos de falência", pontuou o especialista.

Almeida destacou que a política monetária adotada pelo Banco Central é o agravante para que o volume, mesmo com queda, continue alto. Ele disse que o acesso ao crédito, que contribui para a liquidez e para a reposição de capital de giro das empresas, está mais restrito.

O analista do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC, José Roberto Rodrigues Silva, concorda que há maior dificuldade para contratar crédito.

"Isso acontece porque o governo está tentando conter a inflação. O consumo está aquecido e os preços estão subindo, então os juros foram elevados", explicou. Porém, ele afirmou que empréstimo é, muitas vezes, amigo do empresário. "O importante é adquirir crédito que caiba dentro do orçamento da empresa. E se for trocar uma dívida, esta deve ser mais barata, ou seja, com juros mais baixos."

POR PORTE - De acordo com o levantamento da Serasa, as microempresas foram as que mais sofreram em abril. Dos 133 pedidos de falência no País, 94 foram de microempresários. Enquanto isso, 24 empresas médias e 15 grandes companhias entraram com a solicitação.

A Justiça decretou a falência de 50 empresas no mês passado, tendo em vista que as micro figuraram em maior número, com 92% do total.

E 44 companhias conseguiram entrar com pedido de recuperação judicial, ao invés de fechar as portas. Destas, 19 são micro, 19 são médias e seis são grandes companhias.