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Voluntário precisa escolher certo
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
10/10/2004 | 17:31
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Boa vontade. Embora essa seja uma característica importante para quem deseja se candidatar como voluntário em qualquer atividade assistencial, não é o fator que determina permanência longa dentro de uma organização social. É para deixar claro o verdadeiro papel do voluntário, tanto para quem pretende prestar serviço na área como para quem necessita dessa mão-de-obra, que duas prefeituras do Grande ABC mantêm programas específicos de esclarecimento.

O maior deles é o de São Bernardo, que tem 700 pessoas inscritas, das quais 400 são voluntários ativos em 65 organizações sociais da cidade. O projeto concentra-se no Centro de Voluntariado, na região central da cidade. Além de acolher os futuros voluntários, o centro oferece treinamento na área de legislação. A lei determina, entre outras coisas, máximo de oito horas semanais de trabalho voluntário.

Já em Santo André, a Coordenadoria do Voluntariado mantém como parceiras 11 entidades, nas quais se dividem os cerca de 150 colaboradores ligados ao Programa Santo André, Cidade Voluntária. A maioria das atividades é relacionada à educação e à saúde.

Currículo - Por mais que seja nobre a intenção de doar tempo livre, as pessoas costumam cometer alguns erros quando decidem exercer uma atividade voluntária. No topo da lista das causas de abandono do trabalho, está a escolha equivocada da função.

"É preciso levar em conta o que se gosta de verdade. Muitos voluntários se integram a trabalhos com os quais não se identificam, mas cujas organizações sociais necessitam urgentemente. Isso faz com que as pessoas não sintam prazer nas tarefas e tenham vontade de abandonar o trabalho", afirmou Maria Lúcia Meirelles Reis, diretora do Centro de Voluntariado de São Paulo, um dos pioneiros no Brasil, fundado há sete anos.

E a lista de requisitos para um candidato a voluntário vai além da atenção no momento da escolha da atividade que merecerá dedicação fora do horário do trabalho convencional. "Bom humor, criatividade e organização são imprescindíveis para que o voluntário consiga conciliar suas atividades", afirmou Maria Lúcia. "Eu diria que habilidade, comprometimento e responsabilidade para com a organização social são itens fundamentais", completa Elisa Dantas, técnica do Centro de Voluntariado de São Bernardo, responsável pelo treinamento.

De acordo com Elisa, o desafio principal para os voluntários de São Bernardo tem sido conciliar as atividades voluntárias com o emprego formal. Hoje, 38% dos inscritos estão desempregados. "Quando a pessoa encontra emprego muitas vezes não vê como pode continuar. Daí a importância de repensar as prioridades e escolher horários adaptáveis a um futuro emprego fixo", sugeriu.

De acordo com levantamento do centro, o perfil predominante do voluntário na cidade é de pessoas do sexo feminino (64%), jovens (59% têm entre 15 e 30 anos) e estudantes universitários (33% estão na faculdade).

Generosidade - A chamada mão-de-obra generosa move muitos projetos na região. De acordo com o superintendente do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, Geraldo Reple Sobrinho, essa é a forma pela qual a humanização hospitalar é consolidada. "Sou um entusiasta do trabalho voluntário. Essa atenção e esse carinho são primordiais para a recuperação dos pacientes", afirmou.

O Hospital Estadual de Diadema, administrado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), vem convocando voluntários para programa recém-criado. O hospital é uma das bases para a comunidade do bairro Serraria. Chega a oferecer, inclusive, aulas de reforço escolar para as crianças e cursos profissionalizantes para os adultos.




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